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    Universidade chinesa extingue teste de inglês; movimento é visto como nacionalista

    Universidade Xi'an Jiaotong anunciou que os estudantes não precisarão mais passar por testes de inglês para obter o bacharelado

    Nectar Ganda CNN

    A Universidade Xi’an Jiaotong, uma das mais importantes no noroeste da China, eliminou os testes de inglês como pré-requisito para a obtenção do diploma na graduação, reacendendo o debate sobre o papel da língua inglesa no sistema educacional do país, após anos de crescente sentimento nacionalista sob a liderança de Xi Jinping.

    Em um comunicado divulgado na quarta-feira (20), a Universidade Xi’an Jiaotong, na capital da província de Shaanxi, disse que os estudantes não precisarão mais passar em um teste de inglês padronizado a nível nacional – nem em quaisquer outros exames de inglês – para obtenção do diploma de bacharel.

    O anúncio causou polêmica nas redes sociais, com muitos elogiando a decisão e pedindo que mais universidades fizessem o mesmo.

    “Muito bom. Espero que outras universidades sigam o exemplo. É ridículo que os diplomas acadêmicos dos chineses precisem ser validados por uma língua estrangeira”, diz um comentário com mais de 24 mil curtidas no site de microblog Weibo, onde uma hashtag relacionada ao assunto atraiu mais de 350 milhões de visualizações na quinta-feira (21).

    Passar no College English Test, um exame nacional realizado pela primeira vez em 1987, tem sido um requisito de graduação na maioria das universidades chinesas há décadas, embora o governo nunca tenha tornado isso uma política oficial.

    O requisito do inglês na graduação reforçou a importância que as universidades chinesas atribuíam à língua estrangeira no país, especialmente quando a China enfrentou desafios de integração com o restante do mundo após era Mao Zedong.

    No entanto, nos últimos anos, algumas universidades diminuíram a importância do inglês, substituindo o College English Test nacional pelos seus próprios exames, como no caso da Universidade Xi’an Jiaotong, que abandonou completamente as qualificações de inglês como critério para obtenção de diploma na graduação.

    “O inglês é importante, mas à medida que a China se desenvolve, o inglês perde relevância”, afirma postagem no Weibo de um influenciador nacionalista com 6 milhões de seguidores.

    “Deveria ser a vez dos estrangeiros aprenderem chinês”, disse o influenciador.

    O engajamento no assunto ocorre no momento em que a China se torna mais nacionalista e introspectiva sob o comando de Xi, que apelou ao país para fortalecer a “confiança cultural” e afastar a “influência ocidental”. Também houve movimentos para rebaixar o ensino de inglês nas salas de aula.

    Em Xangai, a cidade mais cosmopolita da China, as autoridades proibiram em 2021 as escolas primárias de realizar exames finais de língua inglesa, citando a necessidade de aliviar a carga acadêmica dos alunos.

    Alguns legisladores e conselheiros do governo também propuseram remover o inglês como disciplina básica nas escolas e nos exames de admissão para as universidades do país.

    Em contraste, do outro lado do estreito de Taiwan, o governo lançou um plano para que a ilha seja bilíngue até 2030.

    A China tornou o inglês uma disciplina obrigatória nas escolas primárias e secundárias em 2001, mesmo ano em que o país aderiu à Organização Mundial do Comércio (OMC).

    À época, o Ministério da Educação saudou a exigência como parte de uma estratégia nacional para fazer com que a educação chinesa “enfrentasse a modernidade, o mundo e o futuro”.

    Para alguns chineses de tendência liberal, a perda de importância da língua inglesa é um símbolo do fechamento da China em si mesma e de um reforço do controle ideológico.

    “Devíamos ter confiança cultural, mas não é o mesmo que ser culturalmente arrogantes, míopes ou de mente fechada”, disse um comentário no Weibo.

    “Precisamos do inglês para entender o mundo. Isto é um fato e não pode ser encoberto pela bandeira do nacionalismo”, disse outro.

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    Outros aplaudiram a eliminação dos testes de inglês nas universidades por uma perspectiva prática, argumentando que era uma perda de tempo e energia, uma vez que os formandos raramente usam a língua na sua vida diária ou na carreira após a formatura. Quando o fazem, alegam, a inteligência artificial e a tradução automática podem ajudar.

    Outros argumentos contra lembram da  importância do inglês como língua das principais revistas acadêmicas do mundo, especialmente em ciência e tecnologia.

    “Não é preciso vincular isso [à graduação], mas não subestime a importância do inglês. Hoje em dia, se você não entende inglês, ainda ficará para trás no mundo científico e tecnológico”, disse outro usuário do Weibo.

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