União Europeia decide se aprova adesão da Ucrânia ao bloco e ajuda de € 50 bilhões
Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria e aliado do presidente russo, se opõe às medidas
Líderes da União Europeia (UE) se reúnem em Bruxelas, a partir desta quinta-feira (14), em um encontro de dois dias que será crucial para o futuro da Ucrânia. Em pauta, estão a aprovação de um orçamento adicional de € 50 bilhões para Kiev e a adesão da Ucrânia ao bloco europeu.
As duas questões enfrentam resistência da Hungria, cujo primeiro-ministro Viktor Orbán é aliado do presidente russo Vladimir Putin.
Ao chegar à reunião na manhã desta quinta-feira, Orbán afirmou que “não há razão para negociar” a adesão da Ucrânia ao bloco agora. Ele disse que a Ucrânia cumpriu apenas três das sete condições que a UE estabeleceu para iniciar as negociações de adesão. “Temos que voltar à questão quando ela for cumprida pelos ucranianos”, disse Orbán. “Não estamos em condições de começar a negociar.”
Nesta quarta-feira (13), Ursula von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que as reformas aprovadas na Ucrânia na semana passada já levaram Kiev a cumprir seis dos sete requisitos. O único pendente seria uma nova lei sobre lobby para limitar a influência dos oligarcas no país.
A presidente da Comissão Europeia também pediu que o bloco mantenha o apoio à Ucrânia enquanto for necessário. “À medida que a guerra se arrasta, temos de provar o que significa apoiar a Ucrânia durante o tempo que for necessário”, disse.
Ao comentar os € 50 bilhões, Orbán questionou por que Bruxelas não podia esperar até depois das eleições para o Parlamento Europeu do próximo ano, em junho, para que a nova liderança pudesse debater a questão. “Sobre o dinheiro para a Ucrânia, no curto prazo, já está no orçamento. Só que se quisermos dar mais dinheiro e a longo prazo, nós temos de gerenciar isso fora do orçamento e nós apoiamos isso”, disse ele.
A Comissão Europeia liberou na quarta-feira € 10 bilhões em fundos para a Hungria, quase um ano depois que os recursos foram congelados por causa de questionamentos sobre o cumprimento do Estado democrático de direito.
Parlamentares europeus criticaram a decisão, alegando que a liberação dos fundos seria uma troca de favores para que Orban não vetasse as decisões ligadas à Ucrânia dentro do bloco.
A impressão foi reforçada na terça-feira, por um porta-voz do primeiro-ministro húngaro, que admitiu numa entrevista à Bloomberg que uma contrapartida era possível. Porém, o porta-voz da Comissão Europeia negou qualquer relação entre os dois fatos, dizendo que a decisão foi tomada por causa da reforma judicial que a Hungria adotou em maio.
Ambas as decisões, sobre a ajuda à Ucrânia e a adesão ao bloco, dependem do aval dos 27 países-membros da UE.
Recursos para a guerra
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky busca urgentemente mais recursos para manter sua luta contra a Rússia. O país está cada vez mais exausto depois de quase dois anos de guerra.
Nesta semana, Zelensky se reuniu com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em Washington. Ambos reforçaram a necessidade de liberação do novo pacote de ajuda americano de US$ 61 bilhões à Kiev. Mas após se encontrar também com parlamentares americanos, Zelensky deixou o país de mãos vazias.
Conforme as eleições americanas de 2024 se aproximam, aumenta a pressão dos republicanos sobre o fornecimento de recursos a uma guerra que se prolonga e que não tem um desfecho próximo.
Entrada na UE
A Ucrânia solicitou a adesão à União Europeia em 28 de fevereiro de 2022, logo após ter sido invadida pela Rússia. Zelensky pediu a admissão imediata do país no bloco, por meio de um “novo procedimento especial”, que aceleraria as etapas do processo de adesão.
O procedimento de entrada de um novo membro no bloco não é simples e depende do preenchimento de uma série de requisitos sociais, políticos e de padrões econômicos. Alguns países aguardam há décadas pela admissão no bloco, como é o caso da Turquia, que se candidatou em 1987, teve a candidatura oficializada em 1999, mas ainda não é um país-membro.