Ucranianos usam trens para fugir e buscar novo futuro em outras cidades
Enquanto uns procuram locais para fugir das linhas de frente da guerra com a Rússia, outros voltam para casa após a baixa das tensões em suas cidades natais
Os ucranianos Luba e Rodion correram pelos túneis da estação de trem de Lviv com todos os seus pertences em uma grande mala e outras pequenas bolsas. Sua carga mais valiosa é sua filha, nascida há um mês e meio, circulando em um carrinho confortável. Eles iam em direção a Zaporizhzhia após serem despejados de sua casa em Uzhhorod, perto da fronteira com a Eslováquia.
“Eles aumentaram o preço e não pudemos custear”, disse Luba, com dificuldades para conter as lágrimas.
Relatórios indicam que os aluguéis estão aumentando nas partes mais seguras do país, enquanto mais pessoas fogem das linhas de frente nas regiões Leste e Sul.
Luba disse que essa é a segunda vez em que é forçada a deixar sua casa por conta de uma invasão estrangeira – ela tinha 17 anos quando a Rússia invadiu a Crimeia em 2014.
“Foi horrível”, ela afirmou. Logo que completou 18 anos, se mudou, deixando para trás os horrores da guerra.
O jovem casal, ambos na casa dos 20 anos, disseram que seu foco é encontrar um local seguro para viver, sabendo que o exército russo está a distância para atacar Zaporizhzhia, e Rodion poderia ser chamado para pegar em armas para defender seu país.
“Eu não tenho treinamento militar”, ele disse. “Mas me juntarei aos outros homens se precisar defender nossa terra”.
Ainda que fossem embarcar em um trem para um futuro incerto, eles têm esperança – figurativamente e literalmente. Eles nomearam sua filha como Nadiya, que significa “esperança” em ucraniano.
Esperando um trem para Kiev, Volodymyr Symonenko e sua esposa estão indo para casa, ou o que sobrou dela. Na estação de trens, eles compartilharam fotografias de um prédio altamente danificado, onde costumavam viver.
No dia 24 de fevereiro, o primeiro da invasão, Symonenko disse que viu helicópteros russos sobrevoando o local e atirando mísseis.
“Eu queria ter um míssil Stinger comigo para derrubar os helicópteros”, ele disse.
Mas, ao contrário, eles tiveram de buscar abrigo no porão do edifício por 20 dias, juntamente com outros residentes que sobreviveram ao ataque.
O militar aposentado disse que fez parte do exército soviético e permaneceu nas forças armadas ucranianas após o Kremlin perder o poder sobre o país. Ele admite que sempre temeu que a Rússia quisesse o território de volta.
Depois de passar um tempo em Lviv, o casal voltará para Hostomel para encontrar os filhos – um deles é parte do exército.
Eles sabem que as paredes e as janelas de seu apartamento estão danificadas, mas disseram que o teto ainda está intacto, e isso é o suficiente para reconstruir a casa.