Ucranianos protestam contra Lula em frente à embaixada brasileira em Lisboa
Presidente do Brasil causou polêmica por sugerir que tanto a Ucrânia quanto a Rússia eram os culpados pela guerra, e que os EUA e os aliados europeus deveriam parar de fornecer armas
Agitando bandeiras e segurando fotografias do conflito, ucranianos se reuniram em frente à embaixada brasileira em Lisboa, nesta sexta-feira (21), para protestar contra comentários recentes sobre a guerra na Ucrânia feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Lula, que faz visita oficial de cinco dias em Portugal, causou polêmica nos EUA e na Europa, por sugerir que tanto a Ucrânia quanto a Rússia eram os culpados pelo conflito, que começou quando Moscou invadiu seu vizinho em fevereiro de 2022.
O presidente brasileiro disse no fim de semana passado que os Estados Unidos e os aliados europeus deveriam parar de fornecer armas à Ucrânia, dizendo que estavam prolongando a guerra.
Nos últimos dias, ele abrandou sua retórica, condenando a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia, ao mesmo tempo em que pediu uma mediação para acabar com a guerra, em uma iniciativa de paz. O governo ucraniano criticou a atitude, por tratar “a vítima e o agressor” da mesma forma.
A refugiada ucraniana Yana Kolomiiets, que está em Portugal há quatro meses, participou do protesto em Lisboa, e disse ter se sentido “terrível” ao ouvir os comentários de Lula.
“Isso me deixou tão chateado porque não sei como o presidente do Brasil pode apoiar Putin… esse assassino”, disse a jovem de 27 anos.
Duas autoridades brasileiras disseram à Reuters na quinta-feira (21) que Lula deve evitar críticas ao papel ocidental na Guerra da Ucrânia durante sua visita a Portugal. Ele se encontrará com o presidente e o primeiro-ministro português no sábado (22).
Do lado de fora da embaixada, os manifestantes seguravam cartazes dizendo: “A Rússia é um estado terrorista” e “Pare de matar nossos filhos”.
“Morrem pessoas todos os dias na Ucrânia e precisamos de apoio internacional”, disse o presidente da Associação Ucraniana de Portugal, Pavlo Sadokha.
A associação de Sadokha entregou uma carta à embaixada brasileira para expressar seu descontentamento. O documento foi entregue ao embaixador do Brasil, Raimundo Carreiro, e ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Marcio Macedo.
“O Brasil e o presidente Lula têm vocação para a paz e o presidente vai trabalhar para unir outros países para buscar uma alternativa para acabar com esse conflito”, disse Macedo após receber a carta.
Na terça-feira (18), a Ucrânia convidou Lula para uma visita, um dia depois do presidente se encontrar com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em Brasília.
Questionado se o presidente visitaria a Ucrânia, Macedo disse que o assessor de política externa de Lula, Celso Amorim, iria. Ainda não há uma data certa para isso ocorrer.