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    Ucrânia, Síria, África: relembre confrontos com atuação do Grupo Wagner, de Prigozhin

    Wagner começou a ganhar notoriedade após o início do conflito no Donbass em 2014; chefe do grupo estava a bordo de avião que caiu nesta quarta (23)

    Germán Padingerda CNN

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    Nos últimos meses, os mercenários do grupo paramilitar russo Wagner, liderados por Yevgeny Prigozhin, ganharam notoriedade pelo seu papel cada vez mais importante na invasão da Ucrânia, na qual lutaram lado a lado com o exército russo. Ao mesmo tempo, se destacaram pelas tensões que geraram no Kremlin e pela sua presença em outros conflitos no mundo.

    Prigozhin, um antigo assessor de Vladimir Putin, que ascendeu politicamente como chefe militar do Wagner após o início do conflito no Donbass em 2014, voltou a ganhar as manchetes após o avião em que viajava ter caído nesta quarta-feira (23) a norte de Moscou. Eram um total de 10 pessoas a bordo e não houve sobreviventes.

    Há um contexto importante nessa história: em julho, as forças de Prigozhin e Wagner protagonizaram uma curta e falhada insurreição contra o Kremlin, cujas causas ainda não são totalmente claras, algo que gerou fortes tensões na Rússia, ao desafiar o Ministério da Defesa e projetar uma imagem de caos e fraqueza no governo Putin.

    Apesar disso, Prighozin continuou a ser — pelo menos por algum tempo — um interventor nos assuntos do Kremlin, inicialmente transferido para Belarus, e depois para a África.

    O que acontecerá agora com as forças de Wagner, já enfraquecidas, ninguém sabe. E a Ucrânia não é, de fato, o único conflito em que esta organização paramilitar privada operou.

    As origens do grupo Wagner

    Prighozin é um associado de longa data de Vladimir Putin, o presidente russo. Ele o conheceu na década de 1990, quando Putin lançou sua carreira política, e em pouco tempo Prighozin acumulou uma vasta riqueza com contratos lucrativos do governo russo para fornecer serviços de alimentação.

    Devido a essas origens, Prighozin passou a ser conhecido como o “Chef de Putin” e como um dos chamados “oligarcas”, empresários russos ligados ao poder, neste caso através da sua empresa “Concord”.

    Ele também financiou, nas suas próprias palavras, a controversa Agência de Pesquisa na Internet, uma “fazenda de trolls” que divulgou informações falsas durante a campanha presidencial dos EUA em 2016, entre outras operações.

    A sua metamorfose de empresário gastronômico a líder de um grupo mercenário começou em 2014, quando a Rússia ocupou militarmente a península ucraniana da Crimeia, e o Kremlin começou a apoiar movimentos separatistas nas regiões de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia.

    Estes acontecimentos deram início a uma guerra civil que nunca terminou e que é o antecedente direto da invasão russa, lançada em 22 de fevereiro de 2022.

    O grupo Wagner foi assim formado, para ajudar os separatistas pró-Rússia em Donetsk e Luhansk.

    A expansão para os conflitos na Síria e na África

    Por esta participação, Prigozhin e o grupo Wagner como um todo foram sancionados, em 2017, pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. Já em 2023, também foram sancionadas entidades e indivíduos ligados às operações do grupo na África.

    O grupo foi descrito como uma empresa militar privada ligada ao Kremlin e uma força de mercenários, liderada por Prigozhin e pelo ex-oficial militar russo Dmitry Utkin, mas pouco se sabe sobre o seu início e organização, com Putin dizendo recentemente que o grupo é 100% financiado pelo governo russo por meio de pagamentos à “Concord”.

    Amy Mackinnon, analista da “Foreign Policy”, salienta que provavelmente nem sequer existe um grupo Wagner como tal, pelo menos não nos registos oficiais, uma vez que as empresas militares privadas são ilegais na Rússia.

    “O nome passou a descrever uma rede de empresas e grupos mercenários ligados por redes logísticas”, disse ele em um artigo recente.

    Entretanto, um relatório do Congresso dos Estados Unidos descreve o grupo Wagner como uma “organização guarda-chuva composta por múltiplas entidades, operações e atores supervisionados por Prigozhin”, e com ações na Europa, Ásia e África.

    A CNN tem noticiado a atuação do grupo Wagner em conflitos na República Centro-Africana, onde é dono da mineradora “Lobaye”, e também no Sudão, LíbiaMaliMoçambique e Síria, além da Ucrânia.

    A presença de membros do Grupo Wagner na República Centro-Africana também foi indicada num relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que se refere à “organização popularmente conhecida como grupo Wagner” e à sua implantação no país, como parte de um acordo de cooperação com a Rússia.

    Entre as tarefas efetuadas pelo grupo Wagner na República Centro-Africana está a formação das Forças Armadas Centro-Africanas e a proteção de funcionários e instalações.

    Mas o grupo Wagner também tem interesses mineiros na África e operou, e opera, como unidade militar na Ucrânia e em outros países.

    Um dos episódios mais importantes da história do grupo ocorreu na Síria, onde o Wagner apoiou o exército sírio sob as ordens do presidente Bashar al-Assad — aliado da Rússia —, em meio a uma guerra civil longa, sangrenta e complexa.

    Em 2018, as forças do governo sírio, apoiadas pelos mercenários do Grupo Wagner, lançaram um ataque às posições das milícias da oposição síria apoiadas pelos EUA.

    Em resposta, a Força Aérea dos EUA lançou bombardeios, matando centenas de soldados sírios e mercenários russos empregados por Wagner num confronto altamente incomum entre as forças de Washington e Moscou.

    Veja também: Rússia diz que Prigozhin, chefe do Grupo Wagner, estava em avião que caiu

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