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    Trump se declara inocente de 34 acusações e deixa tribunal após audiência

    Ex-presidente americano é o primeiro na história a responder acusações criminais formais

    Da CNN

    Donald Trump compareceu a uma audiência judicial no tribunal no centro de Manhattan, em Nova York, onde se apresentou à Justiça dos Estados Unidos. De acordo com o que fontes do governo de Nova York disseram à CNN, ele se declarou inocente de todas as 34 acusações.

    O ex-presidente chegou ao escritório do procurador distrital, onde ficou sob custódia policial antes da acusação formal, por volta de 14h25 (horário de Brasília) desta terça-feira (4). Ele saiu cerca de duas horas depois, por volta de 16h25 (horário de Brasília).

    Ele ouviu quais são as acusações contra ele, sendo oficialmente acusado. Detalhes sobre as mais de 30 acusações que ele enfrenta serão revelados quando a acusação do grande júri for aberta.

    Trump se torna, oficialmente, o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar acusações criminais formais. As impressões digitais de Trump foram tiradas, embora ainda não esteja claro se sua foto foi registrada.

    O ex-presidente dos EUA Donald Trump acena ao chegar ao Tribunal Criminal de Manhattan em 04 de abril de 2023 em Nova York.
    O ex-presidente dos EUA Donald Trump acena ao chegar ao Tribunal Criminal de Manhattan em 04 de abril de 2023 em Nova York. / Kena Betancur/Getty Images

    A audiência representa um momento histórico para o país. Assessores do ex-presidente disseram à CNN que ele poderia fazer uma “breve” declaração antes de entrar no prédio – deixando o restante de seus comentários para um discurso à noite, quando retornar à Flórida. Entretanto, ele não falou e foi para a corte em silêncio.

    O empresário postou no Truth Social enquanto estava a caminho do escritório do promotor distrital de Manhattan, escrevendo: “Indo para Lower Manhattan, o Tribunal. Parece tão SURREAL — UAU, vão ME PRENDER. Não posso acreditar que isso está acontecendo na América. MAGA” [Make America Great Again – Torne a América Grande Novamente, em tradução livre]”.

    O escritório do promotor distrital local está investigando o ex-presidente sobre um suposto esquema de pagamento de suborno e encobrimento envolvendo a estrela de cinema adulto Stormy Daniels durante a campanha eleitoral à Presidência dos EUA de 2016.

    À frente do julgamento estará o juiz interino da Suprema Corte de Nova York, Juan Merchan, que já sentenciou o confidente de Trump, Allen Weisselberg, à prisão, presidiu o julgamento de fraude fiscal das Organizações Trump e supervisionou o caso de fraude criminal do ex-conselheiro Steve Bannon.

    Trump passou a manhã ao telefone com aliados republicanos, seu círculo restrito de conselheiros políticos e sua equipe jurídica, com foco cada vez maior nas acusações específicas contidas no indiciamento selado. Ele não pode avaliar completamente o caminho político ou legal a seguir até que entenda exatamente o que, especificamente, está na acusação.

    Segundo a Casa Branca, o presidente Joe Biden irá, “obviamente”, se inteirar das notícias sobre o caso, mas enfatizaram que este não será o foco do atual mandatário.

    “Olha, o presidente vai se concentrar no povo americano como faz todos os dias. Isso não é algo que seja um foco para ele. Ele vai se concentrar em coisas como garantir que continuemos a baixar os preços para o povo americano”, pontuou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, em resposta a uma pergunta de MJ Lee, da CNN.

    Próximos passos

    Os promotores pontuaram que esperam produzir a maior parte da ação nos próximos 65 dias.

    A equipe de Trump tem até 8 de agosto para apresentar quaisquer moções e a promotoria responderá até 19 de setembro. O juiz Juan Merchan disse que decidirá sobre as moções na próxima audiência pessoal, marcada para 4 de dezembro.

    O advogado do ex-presidente, Jim Trusty, afirmou que devem ser postas moções “robustas” para contestar o caso e espera que eles possam interromper o caso.

    Caso contrário, Trusty ressaltou que espera que os advogados de Trump “descubram se há uma maneira de tentar forçar isso antes” da audiência de 4 de dezembro.

    Promotor: Não normalizaremos conduta criminosa, não importa quem você seja

    O promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, falou em entrevista coletiva após o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump ser acusado formalmente nesta terça-feira (4).

    “De acordo com a lei do estado de Nova York, é crime falsificar registros comerciais com a intenção de fraudar e ocultar outro crime. É exatamente disso que se trata este caso: 34 declarações falsas feitas para encobrir outros crimes. Esses são crimes em Estado de Nova York”, disse.

    “Não importa quem você seja, não podemos e não iremos normalizar condutas criminosas graves”, advertiu Bragg.

    Ainda segundo Bragg, Trump assinou pessoalmente cheques para seu ex-agente Michael Cohen por nove meses.

    “Durante nove meses consecutivos, o réu manteve em mãos documentos contendo esta mentira fundamental – que ele estava pagando a Michael Cohen por serviços jurídicos prestados em 2017”, pontuou.

    O promotor também ressaltou durante a entrevista coletiva que seu escritório descobriu “evidências adicionais” que não possuíam na época em que não estava no cargo.

    Falando sobre o momento das acusações – e a decisão de seu antecessor de não apresentar acusações contra Trump neste caso – Bragg disse: “Não trago casos antes de uma investigação completa e rigorosa”.

    “Agora, tendo feito isso, o caso foi aberto. Faço isso há 24 anos e sou familiarizado com investigações rigorosas e complexas”, observou.

    Transmissão ao vivo não foi autorizada

    Os meios de comunicação não terão permissão para transmitir as acusações formais contra o ex-presidente, mas um juiz permitiu que alguns fotógrafos tirem fotos no tribunal antes do início formal do processo.

    O juiz Juan Merchan rejeitou o pedido de várias organizações de mídia, incluindo a CNN, para transmitir os procedimentos históricos.

    A acusação formal de Trump – como a maioria das acusações no tribunal de Manhattan – é um processo público, mas as emissoras geralmente não têm permissão para transmitir de dentro do tribunal.

    No entanto, o juiz permitiu que cinco fotógrafos tirem fotos no início do processo “até o momento em que forem instruídos a desocupar o banco do júri pelos funcionários do tribunal”.

    O cinegrafista de Donald Trump viajou com ele da Flórida a Nova York para documentar os bastidores do ex-presidente aparecendo diante do tribunal, de acordo com duas fontes familiarizadas com os planos, indicando ainda que a equipe de Trump planeja usar isso para sua vantagem política.

    Espera-se que o cinegrafista o siga até o tribunal, mas não está claro o que ele poderá filmar, dadas as restrições do tribunal.

    Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos / 03/07/2021 REUTERS/Octavio Jones

    Equipe de Trump prevê estratégia agressiva

    Nesta segunda, a equipe jurídica de Trump deu uma prévia de uma defesa robusta que se desenrolará em um cenário de campanha política furiosa. Seus principais partidários estão tentando usar o poder da nova maioria do Partido Republicano para tentar interferir na acusação.

    Em entrevista ao programa “State of the Union” da CNN, o advogado de Trump, Joe Tacopina, disse que a equipe do ex-presidente declararia em alto e bom som que ele não é culpado e sinalizou uma tentativa de tentar impedir que o caso chegasse a julgamento.

    Enquanto os críticos de Trump celebraram a acusação como um sinal de que ninguém está acima da lei, Tacopina argumentou que o ex-presidente estava recebendo um tratamento pior do que um cidadão comum por causa de sua fama e aspirações políticas.

    Donald Trump em Mendon / 25/6/2022 REUTERS/Kate Munsch

    Em entrevista à ABC nesta terça-feira (4), Tacopina afirmou: “Uma coisa que posso garantir é que não haverá confissão de culpa neste caso”.

    “Eu não acho que este caso vai ver um júri. Acho que vai desaparecer nos papéis [ser resolvido em acordo]”, acrescentou.

    Em termos de outras limitações impostas a Trump, Tacopina disse: “Não há indicação de que haverá uma ordem de silêncio [“gag order”, em inglês. Determinação do juiz restringindo comentários públicos sobre o caso]. Isso não pode acontecer neste caso.”

    *Publicado por Léo Lopes, Lucas Rocha e Tiago Tortella, da CNN

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