Trump ordena término de acordo dos EUA com Venezuela sobre petróleo
Presidente americano afirmou que estava "revertendo as concessões" de um pacto de 2022 e não mencionou a empresa Chevron


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (26) o término de um acordo feito pelo ex-presidente, Joe Biden, com a Venezuela há mais de dois anos.
Em uma postagem na rede Truth Social, Trump disse que estava “revertendo as concessões” do “acordo de transação de petróleo, datado de 26 de novembro de 2022”.
Uma licença emitida na época permitia que a empresa americana Chevron expandisse a produção na Venezuela e levasse petróleo bruto do país para os EUA.
Essa foi a única concessão assinada pelo governo Biden na data. A postagem de Trump, porém, não menciona a Chevron.
A vice de Maduro, Delcy Rodríguez, disse que o governo dos EUA havia tomado uma decisão “prejudicial e inexplicável” sobre a licença da Chevron.
A empresa americana afirmou nesta quarta-feira que está considerando as implicações do término do acordo anunciado pelo governo Trump.
“Estamos cientes do anúncio de hoje e estamos considerando suas implicações”, disse o porta-voz da empresa Bill Turenne.
“A Chevron conduz seus negócios na Venezuela em conformidade com todas as leis e regulamentos, incluindo a estrutura de sanções fornecida pelo governo dos EUA”, ele acrescentou.
A Casa Branca e o Departamento de Estado dos EUA não responderam imediatamente a perguntas se Trump estava se referindo à licença da empresa.
Relação de Trump com a Venezuela
O anúncio de Trump segue uma declaração do republicano no início de fevereiro de que Caracas havia concordado em receber todos os imigrantes venezuelanos irregulares nos Estados Unidos providenciar seu transporte de volta.
Isso ocorreu um dia depois que o enviado dos EUA Richard Grenell se encontrou com Maduro em Caracas e levou seis detidos dos EUA de volta para o país. Maduro foi empossado para um terceiro mandato em janeiro.

Trump durante seu primeiro mandato buscou uma política de sanções de “pressão máxima” contra o regime de Maduro, visando especialmente o setor de energia da Venezuela.
Depois de inicialmente aliviar as sanções para encorajar eleições justas e democráticas, Biden restabeleceu em abril amplas sanções ao petróleo, dizendo que Maduro falhou em cumprir suas promessas eleitorais.
Mas Biden havia deixado a licença da Chevron intacta, junto com as autorizações dos EUA concedidas a várias outras empresas petrolíferas estrangeiras.
Os pagamentos de impostos e royalties resultantes da licença da Chevron têm fornecido uma fonte estável de receita para a administração de Maduro desde o início de 2023, disse uma fonte familiarizada com a indústria petrolífera da Venezuela.
O dinheiro impulsionou a economia da Venezuela, especialmente os setores de petróleo e bancário, que se expandiram no ano passado.
A produção de petróleo da Venezuela em 2024 se expandiu para cerca de 900.000 barris por dia e as exportações aumentaram 10,5%, principalmente alimentadas pelas licenças dos EUA.
A licença de renovação automática da Chevron permitiu que a companhia expandisse a produção de petróleo bruto em joint ventures com a empresa estatal de petróleo PDVSA e enviasse cerca de 240.000 barris por dia para suas próprias refinarias e outros clientes.
Condições eleitorais não cumpridas
Trump disse na postagem desta quarta-feira que Maduro não havia cumprido “condições eleitorais” e que não estava transportando venezuelanos de volta aos Estados Unidos no ritmo que havia sido acordado.
O acordo de concessão de petróleo seria rescindido a partir da opção de renovação de 1º de março, ele acrescentou.
Não ficou imediatamente claro o que aconteceria com as cargas de petróleo bruto venezuelano atualmente navegando para portos dos EUA ou prestes a partir da Venezuela até o final do mês.
Maduro rejeita sanções dos Estados Unidos e de outros, dizendo que são medidas ilegítimas que equivalem a uma “guerra econômica” projetada para prejudicar a Venezuela.
Quando a licença foi emitida pela primeira vez, a Chevron tinha uma dívida de cerca de US$ 3 bilhões com a Venezuela.
De acordo com o plano de recuperação de dívidas da empresa, explicado por fontes, até o final de 2024 ela deverá ter recuperado cerca de US$ 1,7 bilhão, já que a produção de petróleo se aproximou da média de 200.000 barris por dia, conforme o esperado.