Trump é fichado e deixa presídio na Geórgia após pagar fiança
Ex-presidente dos EUA pagou fiança de US$ 200 mil para responder em liberdade; ele é investigado por supostas fraudes eleitorais nas eleições presidenciais de 2020
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump deixou um presídio na Geórgia após pagar fiança. Ele se entregou às autoridades devido a uma investigação que apura supostas fraudes eleitorais nas eleições presidenciais de 2020.
O empresário ficou no complexo por cerca de 20 minutos. O registro mostra que Trump tem 1,80 m de altura e pesa 97 kg. Ele está listado como tendo olhos azuis e cabelos loiros ou cor de morango.
Registros da prisão mostram que Trump foi detido e autuado como preso nº P01135809. Autoridades divulgaram a foto de fichamento do ex-presidente — veja através desta matéria.
VÍDEO: Equipe de Trump violou software de votação na Geórgia
No aeroporto, pouco antes de deixar o estado depois de ter feito o fichamento, Trump disse que não fez nada de errado, classificando o caso como uma farsa.
“Temos todo o direito de contestar uma eleição que consideramos desonesta”, afirmou.
Ele também abordou outros processos criminais pendentes contra ele, dizendo: “Este é um caso, mas você tem três outros casos. Isso é interferência eleitoral.”
O ex-presidente concordou com uma fiança de 200 mil dólares — valor que corresponde a cerca de R$ 1 milhão — e outras condições para liberação, incluindo não usar as redes sociais para intimidar outros réus e testemunhas no caso.
O xerife do condado de Fulton, Pat Labat, disse que todos os 19 réus no caso de subversão eleitoral na Geórgia passarão pelo mesmo processo que qualquer outro réu criminal no condado, o que inclui a obtenção de impressões digitais e fotos policiais.
Ele se entregou à Justiça por volta das 20h30 (horário de Brasília).
Acusações e processo
A acusação de Willis diz que “Trump e os outros réus citados nessa acusação se recusaram a aceitar que Trump perdeu e, consciente e voluntariamente, se juntaram a uma conspiração para mudar ilegalmente o resultado da eleição em favor” do ex-presidente.
“Essa conspiração continha plano e propósito comuns de cometer dois ou mais atos de extorsão no condado de Fulton, na Geórgia, em outras partes do estado da Geórgia e em outros estados”, completa.
Um telefonema feito em janeiro de 2021, em que Trump instou o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, a “encontrar” quase 12 mil votos que colocariam sua margem de votos à frente da Biden, mostrou até onde o então presidente iria para reverter sua derrota no estado, segundo a promotoria.
O controle republicano da legislatura e do poder executivo na Geórgia fez o estado ser um dos maiores alvos de Trump.
Um dia após primeiro debate do partido Republicano
O ex-presidente se entrega após a realização, na noite de quarta-feira (23), do primeiro debate das prévias republicanas.
Apesar de ser o favorito nas pesquisas de intenção de votos, Trump não participou e disse a seus rivais que desistissem da disputa.
O confronto teve a presença de oito políticos do partido que conseguiram cumprir as regras do comitê eleitoral, como chegar a 40 mil doadores individuais de campanha e registrar pelo menos 1% de apoio em três sondagens nacionais ou em duas sondagens nacionais e duas sondagens estaduais que cumprissem os critérios do comitê.
Foram eles:
- Doug Burgum, governador da Dakota do Norte;
- Chris Christie, ex-governador de Nova Jersey;
- Ron DeSantis, governador da Flórida;
- Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul;
- Asa Hutchinson, ex-governador do Arkansas;
- Mike Pence, ex-vice-presidente;
- Vivek Ramaswamy, empresário;
- Tim Scott, senador pela Carolina do Sul.
Apesar de não ter participado do debate, Trump deverá se dividir entre os tribunais e os palanques até a eleição presidencial de 2024.
Apesar de uma condenação não ter o poder de torná-lo inelegível nos Estados Unidos, pode ter impacto muito negativo junto ao eleitorado, principalmente os independentes.
Outros acusados se entregam
Na quarta-feira, dois dos principais advogados eleitorais de Trump, Rudy Giuliani e Sidney Powell, já haviam se entregado. O primeiro aceitou pagar US$ 150 mil em fiança e o segundo, US$ 100 mil para poderem responder em liberdade.
No mesmo dia, Kenneth Chesebro, que arquitetou na campanha de Trump a trama de que havia eleitores falsos, também se rendeu.
John Eastman, também ex-advogado de Trump, e Scott Hall, analista de pesquisas eleitorais republicano, se entregaram à Justiça na última terça-feira (22).
Além deles e de Trump, outros 13 acusados tem até sexta-feira (25) para se entregar, já que a promotora de Fulton, Fani Willis, acusou formalmente 19 pessoas de participarem de esquemas para interferir nos resultados eleitorais da Geórgia. São eles:
- Mark Meadows, chefe de gabinete da Casa Branca;
- Jeffrey Clark, alto funcionário do Departamento de Justiça;
- Jenna Ellis, advogada da campanha de Trump;
- Robert Cheeley, advogado que promoveu reivindicações de fraude;
- Mike Roman, funcionário da campanha de Trump;
- David Shafer, presidente do Partido Republicano da Geórgia e eleitor falso;
- Shawn Still, falso eleitor republicano;
- Stephen Lee, pastor ligado à intimidação de trabalhadores eleitorais;
- Harrison Floyd, líder do Black Voices para Trump;
- Trevian Kutti, publicitário ligado à intimidação de trabalhadores eleitorais;
- Cathy Latham, eleitora falsa do Partido Republicano ligada à violação de Coffee County;
- Misty Hampton, supervisora das eleições do Condado de Coffee;
- Ray Smith, advogado da campanha de Trump.
A sexta-feira foi o prazo estabelecido por Willis no momento em que ela revelou a acusação, na semana passada, sobre as tentativas de reverter a derrota de Trump para Joe Biden nas eleições de 2020.
Willis vem reunindo com os réus e negociando os termos de contrato de fiança.
*publicado por Tiago Tortella, da CNN