Tropas norte-coreanas aprenderam comandos russos, diz legislador sul-coreano
Medida preparatória indicaria que transferência de tropas ao front de batalha é iminente
Soldados norte-coreanos podem estar sendo preparados para uma mudança para as linhas de frente da guerra da Rússia contra a Ucrânia após terem aprendido comandos russos básicos, legisladores sul-coreanos disseram a repórteres na terça-feira (29), citando autoridades de inteligência do país.
Cerca de 10.000 soldados norte-coreanos estão recebendo treinamento militar no leste da Rússia, estimou o Pentágono na segunda-feira (28) — acima da estimativa anterior de 3.000 da Casa Branca.
O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) está agora observando a possibilidade de “algum pessoal norte-coreano, incluindo oficiais militares de alta patente, ser transferido para as linhas de frente”, disseram os legisladores Lee Seong-kweun e Park Sun-won, que foram informados pelo NIS durante uma reunião a portas fechadas de um comitê de inteligência parlamentar.
A Rússia está ensinando aos soldados norte-coreanos cerca de 100 palavras militares básicas como “fogo” e “em posição”, disseram os legisladores.
No entanto, eles acrescentaram, está claro que os soldados norte-coreanos estão tendo dificuldades para se comunicar — e não está claro se eles conseguirão superar a lacuna linguística.
A Coreia do Norte também intensificou suas medidas de segurança — tanto para proteger seu ditador Kim Jong-un quanto para evitar que notícias sobre as mobilizações norte-coreanas na Rússia se espalhem pelo país altamente isolado e empobrecido.
Para esse fim, oficiais norte-coreanos envolvidos no esforço russo são proibidos de usar telefones, enquanto as famílias dos soldados são informadas de que seus entes queridos estão simplesmente participando de um “exercício militar”, disseram os legisladores.
Apesar dessas medidas, a notícia se espalhou dentro da Coreia do Norte sobre mobilizações na Rússia — gerando “agitação” em algumas partes do país, disseram os legisladores.
Alguns moradores e soldados expressaram medo de possivelmente serem enviados para a Rússia, enquanto outros questionaram por que estão sendo sacrificados por um país diferente, acrescentaram.
Na semana passada, a Ucrânia interceptou canais de transmissão russos e divulgou um áudio, com soldados russos sendo ouvidos falando desdenhosamente sobre os soldados norte-coreanos que chegavam, chamando-os de “Batalhão K” e se referindo a eles como “os malditos chineses”.
As interceptações também revelam planos de ter um intérprete e três oficiais superiores para cada 30 homens norte-coreanos, o que os soldados russos são ouvidos no áudio condenando.
“A única coisa que não entendo é que [deveria haver] três oficiais superiores para 30 pessoas. Onde os pegamos? Teremos que retirá-los”, diz um militar russo.
Isso pode marcar a primeira vez que a Coreia do Norte faz uma intervenção significativa em um conflito internacional. A Coreia do Norte tem um dos maiores exércitos do mundo, com 1,2 milhão de soldados, mas a maioria de suas tropas não tem experiência em combate.
O Kremlin inicialmente rejeitou as alegações de mobilizações de tropas norte-coreanas, mas na cúpula do Brics na Rússia na semana passada, o presidente Vladimir Putin não negou que Pyongyang havia enviado soldados para o país.
A Coreia do Norte disse na sexta-feira que qualquer envio de tropas para a Rússia para ajudar na guerra na Ucrânia estaria em conformidade com a lei internacional, informou a mídia estatal, sem confirmar explicitamente tal presença. A Coreia do Norte havia rejeitado tais relatórios anteriormente.
A ministra das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Choe Son Hui, está agora na Rússia para sua segunda viagem em seis semanas, tendo partido de Pyongyang na segunda-feira. Ela provavelmente viajou para discutir o potencial envio de mais tropas norte-coreanas — e o que Pyongyang receberia em troca, disseram os legisladores aos repórteres.
A notícia também chega enquanto os ministros das Relações Exteriores e da Defesa da Coreia do Sul vão a Washington para falar com seus colegas, o Secretário de Estado Antony Blinken e o Secretário de Defesa Lloyd Austin, para uma reunião ministerial anual.