Tribunal de Mianmar condena ex-líder do governo a 5 anos de prisão por corrupção
Aung San Suu Kyi, vencedora do Nobel da Paz, foi deposta por um golpe militar no país em 2021
Um tribunal de Mianmar, país atualmente governado por militares, condenou a líder deposta Aung San Suu Kyi a cinco anos de prisão nesta quarta-feira (27) depois de considerá-la culpada no primeiro de 11 casos de corrupção contra ela, segundo uma fonte com conhecimento do processo.
Suu Kyi, vencedora do prêmio Nobel da Paz, que liderou Mianmar por cinco anos antes de ser forçada a deixar o poder após um golpe militar no início de 2021, foi acusada de pelo menos 18 crimes, que acarretam penas máximas combinadas de quase 190 anos.
O juiz da capital, Naypyitaw, proferiu o veredicto momentos após a convocação do tribunal, disse a fonte, que não quis ser identificada pois o julgamento está sendo realizado a portas fechadas, com informações restritas.
Não está claro se Suu Kyi, de 76 anos, figura central da luta de Mianmar contra a ditadura militar, será transferida para uma prisão para cumprir a pena.
Desde que foi detida, ela foi mantida em um local não revelado, onde o chefe da junta, Min Aung Hlaing, disse anteriormente que ela poderia permanecer após condenações anteriores em dezembro e janeiro por delitos comparativamente menores, pelos quais Suu Kyi foi condenada a seis anos no total.
O último caso se concentrou em alegações de que a ex-líder do governo aceitou 11,4 kg de ouro e pagamentos em dinheiro de seu protegido que se tornou acusador, o ex-ministro-chefe da cidade de Yangon, Phyo Min Thein.
Suu Kyi chamou as alegações de “absurdas”.
Nay Phone Latt, ex-funcionário do partido governista deposto de Suu Kyi, disse que quaisquer decisões judiciais são temporárias, porque o regime militar não durará muito.
“Nós não reconhecemos as decisões da junta terrorista, a legislação ou o judiciário… o povo também não as reconhece”, disse Nay Phone Latt, que está com um governo de Unidade Nacional (NUG) que declarou uma revolta popular contra regra militar.
“Não importa quanto tempo eles queiram sentenciar, seja um ano, dois anos, ou o que eles quiserem. Isso não vai durar”.
Mianmar está em crise desde o golpe e a comunidade internacional considera os julgamentos ridículos e exige a libertação de Suu Kyi.
A junta se recusou a permitir visitas, inclusive de um enviado especial do Sudeste Asiático tentando acabar com a crise.