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    “Toco para distrair as pessoas do barulho das bombas”, diz violinista ucraniana

    Vera Lytovchenko vive entre um bunker e seu apartamento em Kharkiv desde o primeiro dia de guerra na Ucrânia; ela não pretende deixar seu país

    Layane Serranoda CNN , em São Paulo

    A violinista ucraniana Vera Lytovchenko mora em Kharkiv, cidade localizada no Nordeste da Ucrânia, uma das regiões invadidas pelas tropas russas.

    Ela começou a tocar violino quando tinha apenas 7 anos e se formou na escola de música da University of Arts em Kharkiv. “Minha família sempre me deu apoio no meu estudo de música. Meus pais me disseram que aprovariam minha escolha na vida”, diz Vera.

    Além de musicista desde os 19 anos, Vera também é professora na Kharkiv Music College. Um dos momentos que a marcou nessa guerra, foi quando uma das suas alunas se escondeu no metrô e tocou seu violino.

    Segundo Vera, ela foi a inspiração para os seus vídeos, já que desde o primeiro dia de bombardeio, as pessoas em Kharkiv se escondem em bunkers subterrâneos e nas estações de metrô para se protegerem.

    “Maria, uma de minhas alunas, levou seu violino para o metrô e começou a tocar para o povo. Ela carregou o vídeo nas redes sociais e me comovi. Para distrair os meus vizinhos do barulho das bombas, decidi tocar no porão. Entre as pessoas que escutavam, estava um adolescente cujo aniversário celebramos na adega.”

    Na data, Vera escolheu a tocar “The night is so moonlight”, uma música muito conhecida no país.

    “Escolhi essa música porque é uma das músicas ucranianas mais famosas. É a maneira de conectar todos nós”, relatou à CNN. É nesse bunker, em Kharkiv, que Vera vive desde o primeiro dia de guerra na Ucrânia.

    “O bunker está na minha casa. Tento subir ao apartamento para levar algumas roupas e outras coisas, como vestidos de concerto, por exemplo.”

    diz Vera

    A violinista comenta que muitas pessoas estão deixando de ficar no bunker por causa de problemas com a respiração e, por isso, optam por ficar em seus apartamentos.

    Ela mesma escolhe dormir em seu apartamento quando a alergia piora por causa das condições do porão. No entanto, a onda de choque causada por um novo bombadeio russo destruiu as janelas de seu apartamento.

    “Na maioria das vezes, temos cerca de 12 pessoas em nosso bunker. Peguei um resfriado há uma semana e minha alergia piorou. Então, decidi passar algum tempo no meu apartamento. Naquela noite, uma bomba caiu perto da casa e a onda de choque destruiu nossas janelas. Eu e meu pai estávamos dentro [do apartamento] daquele momento. Por isso, agora eu decidi dormir no chão do apartamento vizinho. O corredor é o lugar mais seguro.”

    Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana, está sob ataques desde início da invasão
    Kharkiv, segunda maior cidade ucraniana, está sob ataques desde início da invasão russa / NurPhoto via Getty Images

    Vera diz que não deixará a Ucrânia

    Apesar de seu país estar há 26 dias em guerra, Vera se considera uma pessoa de sorte, porque todos os seus parentes e amigos estão vivos. Ela disse que não pretende deixar o seu país nem durante e nem após a guerra:

    “Pretendo ficar em Kharkiv e ajudar as pessoas que perderam suas casas e empregos. Estou juntando dinheiro para músicos e professores e vou usá-los para reconstruir nossa cultura”, conta.

    “Nós, ucranianos, somos pessoas de paz, não queremos conflito, mas não vamos desistir. Minha forte decisão é não partir. É minha terra e vou protegê-la do meu jeito. Esta guerra está dividindo nossas vidas entre antes e depois. Antes éramos apenas pessoas normais. Agora todos nós vivemos em luta, dor, choque e esperamos nossa vitória.”

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