Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Talibã tenta controlar última província afegã;  EUA alertam sobre guerra civil

    Ambos os lados alegaram ter a vantagem em Panjshir, mas nenhum deles conseguiu apresentar evidências conclusivas para prová-lo

    Pessoas tiram fotos ao lado da bandeira afegã em Cabul, Afeganistão
    Pessoas tiram fotos ao lado da bandeira afegã em Cabul, Afeganistão REUTERS

    Reuters

    O Talibã e as forças da oposição lutaram no sábado para controlar o Vale Panjshir ao norte de Cabul, a última província afegã que resistiu ao grupo militante.

    Também no sábado, o principal general dos Estados Unidos alertou, em entrevista à Fox News, para a possibilidade de “guerra civil”, caso os islâmicos não conseguissem consolidar o poder. Isso porque esse cenário poderia permitir o crescimento do grupo Al Qaeda ou do Estado Islâmico-K.

    Tanto o Talibã quanto os EUA alegaram ter a vantagem em Panjshir, mas nenhum deles conseguiu apresentar evidências conclusivas para prová-lo.

    O Talibã, que varreu o país antes da retirada final das forças lideradas pelos EUA nesta semana, foi incapaz de controlar o vale quando governou o Afeganistão de 1996 a 2001.

    O porta-voz do grupo, Bilal Karimi, disse que os distritos de Khinj e Unabah foram tomados, dando ao movimento o controle de quatro dos sete distritos da província.
    “Os Mujahideen (combatentes do Talibã) estão avançando em direção ao centro (da província)”, disse ele no Twitter.

    Mas a Frente de Resistência Nacional do Afeganistão, agrupando forças leais ao líder local Ahmad Massoud, disse que cercou “milhares de terroristas” na passagem de Khawak e que o Talibã abandonou veículos e equipamentos na área de Dashte Rewak. O porta-voz Fahim Dashti acrescentou que “fortes confrontos” estão ocorrendo.

    Em uma postagem no Facebook, Massoud insistiu que Panjshir “continua firme”. Elogiando “nossas honradas irmãs”, ele disse que as manifestações de mulheres na cidade de Herat pedindo seus direitos mostraram que os afegãos não desistiram das demandas por justiça e “não temem ameaças”. O general dos Estados Unidos Mark Milley, presidente da Junta de Chefes de Estado-Maior, ressaltou a situação tênue.

    “Minha estimativa militar é que as condições provavelmente se desenvolverão para uma guerra civil. Não sei se o Talibã será capaz de consolidar o poder e estabelecer um governo”, disse Milley.

    Falando à Fox News da Base Aérea de Ramstein, na Alemanha, Milley disse que se eles não pudessem, isso “por sua vez levará à reconstituição da Al Qaeda ou ao crescimento do ISIS ou de outra miríade de grupos terroristas” nos próximos três anos.

    A Emergency, uma organização italiana de ajuda médica, disse que as forças do Taleban avançaram para o vale de Panjshir na noite de sexta-feira, chegando ao vilarejo de Anabah, onde o grupo tem instalações médicas.

    “Recebemos um pequeno número de feridos no Centro Cirúrgico de Anabah”, disse o Emergency em um comunicado, acrescentando que muitas pessoas fugiram nos últimos dias.

    Não foi possível obter imediatamente mais confirmações dos eventos em Panjshir, que é cercado por montanhas, exceto por uma entrada estreita.

    Tiros comemorativos ressoaram em Cabul na sexta-feira, conforme se espalharam os relatos sobre a tomada de Panjshir pelo Talibã. Agências de notícias disseram que pelo menos 17 pessoas morreram e 41 ficaram feridas.

    O chefe da espionagem do Paquistão, tenente-general Faiz Hameed, voou para Cabul no sábado. Não estava claro qual era sua agenda, mas um oficial sênior no Paquistão disse no início da semana que Hameed, que chefia a poderosa agência Inter-Services Intelligence (ISI), poderia ajudar o Talibã a reorganizar os militares afegãos.
    Washington acusou o Paquistão e o ISI de apoiar o Taleban na luta de duas décadas do grupo contra o governo apoiado pelos EUA em Cabul, embora Islamabad negue as acusações.

    Em Cabul, os combatentes do Talibã interromperam uma manifestação de cerca de uma dúzia de mulheres pedindo ao grupo que respeitasse seus direitos à educação e ao trabalho, de acordo com a emissora privada Tolo news.

    As imagens mostraram mulheres confrontadas por militantes armados cobrindo a boca e tossindo, e um manifestante disse que os combatentes usaram gás lacrimogêneo e tasers contra os participantes, que carregavam faixas e um buquê de flores.

    “Eles também bateram na cabeça das mulheres com um carregador de armas, e as mulheres ficaram ensanguentadas”, disse uma manifestante que deu seu nome como Soraya.

    O Talibã impôs punições violentas e proibiu mulheres e meninas mais velhas da escola e do trabalho quando antes estavam no poder, mas desta vez buscou apresentar um tom mais moderado.

    Governo na próxima semana

    Uma fonte do Talibã disse que o anúncio de um novo governo seria adiado para a próxima semana. O co-fundador do Talibã, Mullah Abdul Ghani Baradar, relatado por algumas fontes do Talibã como estando na linha para liderar o novo governo, disse em comentários no canal Al Jazeera do Catar que o novo governo incluirá todas as facções de afegãos.

    “Estamos fazendo todo o possível para melhorar as condições de vida deles. O governo vai dar segurança, porque é necessário para o desenvolvimento econômico”, afirmou.

    Enquanto isso, alguns sinais de normalidade voltaram a Cabul, onde uma equipe técnica conseguiu reabrir o aeroporto, segundo o embaixador do Qatar no Afeganistão.