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    Talibã e oposição lutam pelo domínio de última província afegã resistente

    Talibã e as forças da oposição lutaram neste sábado (4) para controlar o vale de Panjshir, ao norte de Cabul

    Da Reuters

    O Talibã e as forças da oposição lutaram neste sábado (4) para controlar o vale de Panjshir, ao norte de Cabul, a última província afegã que resistiu ao grupo islâmico, com ambos os lados alegando ter a vantagem sem apresentar evidências conclusivas.

    O Talibã, que assumiu o poder no resto do país há três semanas, nunca foi capaz de controlar o vale quando governou o Afeganistão pela última vez, de 1996 a 2001.

    O porta-voz do Talibã, Bilal Karimi, disse que os distritos de Khinj e Unabah foram tomados, dando às forças do Talibã o controle de quatro dos sete distritos da província. “Os Mujahideen (combatentes do Talibã) estão avançando em direção ao centro (da província)”, disse ele no Twitter.

    Mas a Frente de Resistência Nacional do Afeganistão, agrupando forças leais ao líder local Ahmad Massoud, disse que cercou “milhares de terroristas” na passagem de Khawak e que o Talibã abandonou veículos e equipamentos na área de Dashte Rewak.

    O porta-voz Fahim Dashti acrescentou que “fortes confrontos” estão ocorrendo.

    Em um post no Facebook, Massoud insistiu que Panjshir “continua firme”. Elogiando “nossas honradas irmãs”, ele disse que as manifestações de mulheres na cidade de Herat pedindo seus direitos mostraram que os afegãos não desistiram das demandas por justiça e “não temem ameaças”.

    Anteriormente, uma fonte do Talibã disse que o avanço de seus membros foi retardado por minas terrestres colocadas na estrada para a capital da província, Bazarak.

    Não foi possível obter imediatamente uma confirmação independente dos eventos em Panjshir, que é cercado por montanhas, exceto por uma entrada estreita.

    Tiros comemorativos ressoaram em Cabul na sexta-feira (3), conforme se espalharam as notícias sobre a tomada de Panjshir pelo Talibã, e agências de notícias disseram que pelo menos 17 pessoas morreram e 41 ficaram feridas no tiroteio.

    Possível interferência do Paquistão

    O chefe da espionagem do Paquistão, tenente-general Faiz Hameed, voou para Cabul neste sábado (4). Não estava claro qual era sua agenda, mas um alto funcionário do Paquistão disse no início da semana que Hameed, que chefia a poderosa agência de Inteligência Inter-Serviços (ISI), poderia ajudar o Talibã a reorganizar os militares afegãos.

    Washington acusou o Paquistão e o ISI de apoiar o Talibã na luta de duas décadas do grupo contra o governo apoiado pelos EUA em Cabul, embora Islamabad negue as acusações.

    Em Cabul, os combatentes do Talibã interromperam uma manifestação de cerca de uma dúzia de afegãs que pediam respeito aos direitos das mulheres à educação e ao trabalho, de acordo com a emissora privada Tolo.

    As imagens mostraram mulheres confrontadas por militantes armados cobrindo a boca e tossindo, e um manifestante disse que os combatentes usaram gás lacrimogêneo e tasers contra as participantes, que carregavam faixas e um buquê de flores.

    “Eles também bateram na cabeça das mulheres com um carregador de armas, e algumas ficaram ensanguentadas”, disse uma manifestante que disse se chamar Soraya.

    O Talibã impôs punições violentas e proibiu mulheres e meninas mais velhas de irem à escola e ao trabalho quando estiveram no poder há 20 anos, mas desta vez buscou apresentar uma face mais moderada.

    Anúncio de novo governo

    A fonte do Talibã disse também que o anúncio de um novo governo seria adiado para a próxima semana. O co-fundador do Talibã, Mullah Abdul Ghani Baradar, relatado por algumas fontes do Talibã ser um dos possíveis nomes para liderar o novo governo, disse em comentários no canal Al Jazeera do Catar que o novo governo “incluirá todas as facções do povo afegão”.

    “Estamos fazendo todo o possível para melhorar as condições de vida deles. O governo vai dar segurança, porque é necessário para o desenvolvimento econômico”, afirmou.

    Enquanto isso, alguns sinais de normalidade voltaram a Cabul.

    O embaixador do Catar no Afeganistão disse que uma equipe técnica conseguiu reabrir o aeroporto de Cabul para receber ajuda e que os voos domésticos foram reiniciados, segundo a Al Jazeera.

    O aeroporto está fechado desde que os Estados Unidos, em 30 de agosto, concluíram as evacuações de mais de 120 mil cidadãos norte-americanos, outros estrangeiros e afegãos considerados em risco pelo Talibã, e retiraram as últimas tropas.

    O principal porta-voz do Talibã, Zab ihullah Mujahid, também disse que um dos principais negociantes de câmbio em Cabul havia reaberto.

    A economia do Afeganistão está instável após a tomada de poder pelo Talibã. Muitos bancos estão fechados e o dinheiro é escasso.

    A Organização das Nações Unidas disse que convocará uma conferência internacional em 13 de setembro para ajudar a evitar o que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, chamou de “iminente catástrofe humanitária”.

    As potências ocidentais dizem que estão preparadas para se envolver com o Talibã e enviar ajuda humanitária, mas que o reconhecimento formal do governo e uma assistência econômica mais ampla dependerão de ações – não apenas de promessas – para salvaguardar os direitos humanos.

    *Reportagem das agências da Reuters Escrita de Raju Gopalakrishnan e William Maclean; Edição de Angus MacSwan e Frances Kerry.

     

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