Taiwan acusa China de intimidação após incursão com dezenas de aviões militares
Na quinta-feira (23), Pequim enviou 24 aviões de guerra para zona de identificação de defesa aérea de Taiwan, terceira maior incursão nos últimos dois anos
Taiwan acusou a China de “intimidação” depois que Pequim enviou na quinta-feira (23) um total de 24 aviões de guerra para a zona de identificação de defesa aérea (ADIZ) taiwanesa, a terceira maior incursão nos últimos dois anos de tensões entre Pequim e Taipei.
As aeronaves chinesas do Exército de Libertação do Povo, incluindo bombardeiros, caças, aviões anti-submarinos e aviões aerotransportados de controle e alerta antecipado, entraram na ADIZ de Taiwan em dois grupos – um de 19 aviões e um segundo, com 5 cinco jatos, enviados no dia seguinte.
Um mapa divulgado pelo Ministério da Defesa de Taiwan mostrou algumas aeronaves chinesas, incluindo bombardeiros H-6, voando ao redor da parte sul de Taiwan e fazendo um ângulo em direção ao leste da ilha.
Em resposta, o ministério disse que alertas de rádio foram emitidos e sistemas de mísseis de defesa aérea foram implantados para monitorar a atividade. As incursões não violaram o espaço aéreo soberano de Taiwan, que se estende por 12 milhas náuticas (22 quilômetros) de sua costa.
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A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos define uma ADIZ como “uma área designada de espaço aéreo sobre terra ou água dentro da qual um país requer a identificação imediata e positiva, localização e controle de tráfego aéreo de aeronaves no interesse da segurança nacional do país”.
As incursões aéreas ocorreram um dia depois de Taiwan apresentar oficialmente um pedido de adesão ao pacto de livre comércio do Acordo Compreensivo e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP).
O Ministério das Relações Exteriores da China sinalizou sua forte oposição ao pedido de Taiwan.
“Nós nos opomos firmemente a intercâmbios oficiais entre qualquer país e a região de Taiwan, e nos opomos firmemente à adesão de Taiwan a qualquer acordo ou organização de natureza oficial”, disse o porta-voz do ministério, Zhao Lijian.
Taiwan e a China continental são governadas separadamente desde o fim de uma guerra civil, há mais de sete décadas, na qual os nacionalistas derrotados fugiram para Taipei.
No entanto, Pequim vê Taiwan como uma parte inseparável de seu território – embora o Partido Comunista Chinês nunca tenha governado a ilha democrática de cerca de 24 milhões de habitantes.
O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan reiterou esse ponto na noite de quinta-feira, após os voos do avião de guerra chineses.
“Taiwan é Taiwan e não faz parte da República Popular da China. A República Popular da China nunca governou Taiwan por um único dia”, disse um comunicado do Ministério de Relações Exteriores de Taiwan.
A ilha deve ser capaz de fazer suas próprias escolhas em questões como a adesão a um acordo de comércio internacional, acrescentou o ministério.
“O governo chinês só quer intimidar Taiwan na comunidade internacional e é o culpado pelo aumento das tensões nas relações através do Estreito”, disse o comunicado.
Pequim afirma o contrário, já que Taipei aumentou as compras militares dos Estados Unidos e recebeu indicações de apoio de aliados dos EUA, como o Japão.
Quando Tóquio lançou seu relatório anual de defesa em julho, ele continha sua linguagem mais forte sobre Taiwan, dizendo que “estabilizar a situação em torno de Taiwan é importante para a segurança do Japão”.
O maior número de incursões aéreas diárias relatadas por Taiwan foi em 15 de junho, quando 28 aviões militares chineses voaram para a ADIZ de Taiwan. Em 12 de abril, 25 aviões da China entraram na ADIZ de Taiwan em um único dia.
Mas algum tipo de incursão do Exército de Libertação do Povo na ADIZ de Taiwan tornou-se uma ocorrência quase diária.
Por exemplo, antes dos voos de quinta-feira, houve duas incursões na quarta-feira, uma na segunda-feira, quatro no domingo (19) e dez na sexta-feira (17), de acordo com o Ministério da Defesa de Taiwan.
Analistas disseram que os voos chineses provavelmente servem a vários propósitos para Pequim, seja para demonstrar sua força para um público doméstico, ou para dar aos chineses inteligência militar e habilidades que seriam necessárias em qualquer conflito potencial envolvendo Taiwan.
O presidente chinês, Xi Jinping, se recusou a descartar a possibilidade de usar força militar para capturar Taiwan, se necessário.
Will Ripley e Hannah Ritchie contribuíram para esta reportagem
(Texto traduzido; leia o original em inglês)