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    Swift, Otan, DPR, LPR: entenda o vocabulário da invasão da Ucrânia pela Rússia

    Guerra entre os países já dura mais de duas semanas, com centenas de mortos e um desastre humanitário

    Rob Pichetada CNN

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    A invasão não provocada da Rússia na Ucrânia devastou o país, matando centenas de civis, provocando um desastre humanitário e resultando em uma onda de sanções do Ocidente. Seguir o fluxo constante de acontecimentos pode ser confuso e sufocante.

    Com a guerra em curso, leia este guia para entender alguns dos termos, entender o que significam e por que eles são importantes.

    DPR e LPR

    As siglas descrevem as duas regiões separatistas pró-Rússia na região de Donbas, do leste da Ucrânia: as autoproclamadas República Popular de Donetsk (DNR) e a República Popular de Luhansk (LPR).

    Os territórios separatistas têm sido palco de uma guerra de menor intensidade desde 2014, quando rebeldes apoiados pela Rússia tomaram prédios do governo em toda a região. Ao longo de oito anos, o conflito matou mais de 14 mil pessoas.

    O governo ucraniano e o Ocidente insistem que as repúblicas autodeclaradas fazem parte da Ucrânia, embora o governo ucraniano afirme que as duas regiões são, de fato, ocupadas pelos russos e se recuse a falar diretamente com a DPR ou a LPR.

    Em 21 de fevereiro, o presidente russo Vladimir Putin assinou decretos reconhecendo a independência dos territórios separatistas e ordenou que suas tropas entrassem na região. O Kremlin chamou a ação de operação de “manutenção da paz”.

    A medida foi vista pelo Ocidente como o subterfúgio de abertura de uma operação militar maior visando a Ucrânia. Três dias depois, as forças russas invadiram o país.

    Bombardeio

    A Rússia depende fortemente de bombardear cidades e vilas importantes da Ucrânia, enquanto tenta assumir o controle de locais no país.

    O bombardeio (shelling em inglês) refere-se ao fogo de artilharia de grandes armas e tem sido usado contra edifícios administrativos e residenciais. Dezenas de mortes como resultado de bombardeios russos foram relatadas pelos serviços de emergência ucranianos.

    Autoridades da ONU dizem que mais de 500 civis morreram desde a invasão, por todas as causas, incluindo ataques aéreos e bombardeios, mas alertam que o número real provavelmente será muito maior.

    O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky acusou as forças russas de bombardeios indiscriminados desde o início da invasão.

    Em uma mensagem em sua página do Facebook na última na sexta-feira (11), ele disse que as tropas russas estão “destruindo nosso povo, nossos filhos, bairros residenciais, igrejas, escolas, destruindo tudo o que proporciona uma vida normal, a vida humana”.

    Corredores humanitários

    Corredores humanitários são caminhos desmilitarizados para fora ou para dentro de zonas de combate durante uma guerra, que permitem que as pessoas fujam do conflito ou facilitem a entrada de ajuda. Eles visam reduzir as baixas civis.

    A Ucrânia pediu aos líderes globais que pressionem Putin a abrir esses corredores e “evitar uma catástrofe humanitária em grande escala” nas cidades ucranianas.

    Mas os “corredores humanitários” discutidos pelas autoridades russas no conflito na Ucrânia não atendem a essa descrição.

    As autoridades ucranianas rejeitaram uma proposta unilateral do governo russo de corredores de evacuação para civis como um ponto inaceitável, já que a maioria das rotas leva à Rússia ou à Belarus, e exigiria que as pessoas viajassem por áreas ativas de combate.

    Nos últimos dias, as esperanças de abrir corredores de evacuação seguros para civis de várias cidades foram repetidamente frustradas, com a Ucrânia acusando a Rússia de atacar rotas de fuga.

    “A saída por corredores humanitários só é possível quando o regime de cessar-fogo for totalmente mantido. O lado ucraniano está pronto para isso”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia em comunicado na segunda-feira (7).

    Otan

    A Organização do Tratado do Atlântico Norte é uma aliança de defesa de 30 nações norte-americanas e europeias. Segundo a Otan, seu objetivo “é garantir a liberdade e a segurança de seus membros por meios políticos e militares”.

    O grupo foi criado em 1949, com a escalada da Guerra Fria. O objetivo original era proteger o Ocidente da ameaça representada pela União Soviética.

    Desde o fim da Guerra Fria, muitas ex-nações soviéticas aderiram à Otan, para frustração de Putin, que vê a aliança como uma ameaça. A Ucrânia não é membro da Otan, mas há muito espera se juntar ao grupo, algo ao qual a Rússia se opõe veementemente.

    O aspecto mais conhecido da aliança da Otan é Artigo 5º do seu tratado, que afirma que “um ataque contra um Aliado é considerado um ataque contra todos os Aliados”.

    Como a Ucrânia não faz parte da Otan, a aliança não é obrigada a proteger o país da mesma forma que faria se um país membro da Otan fosse atacado. Na verdade, os países da aliança disseram que não têm intenção de enviar suas tropas para a Ucrânia.

    Mas muitos dos vizinhos da Ucrânia são membros da Otan, e se um ataque russo se estendesse a um desses países, o Artigo 5º poderia desencadear o envolvimento direto dos Estados Unidos e de outros membros da Otan.

    E a aliança pode tomar medidas de defesa coletiva sem invocar o Artigo 5º. Foi exatamente o que fez nas últimas semanas, aumentando as forças terrestres, marítimas e aéreas em seu flanco oriental. A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, também pediu um destacamento da Otan mais permanente no Báltico.

    Zona de exclusão aérea

    Uma zona de exclusão aérea é uma área onde certas aeronaves não podem voar por vários motivos. No contexto dessa invasão, significaria uma zona onde os aviões russos não podem voar, a fim de impedir que eles realizem ataques aéreos na Ucrânia.

    Zelensky instou a Otan a instituir uma zona de exclusão aérea, mas o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que é essa não é uma opção considerada pela aliança.

    Se impusesse uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, a Otan provavelmente teria que intervir para aplicá-la, sob o risco de aumentar o conflito.

    A Otan impôs zonas de exclusão aérea em países não membros antes, inclusive na Bósnia e na Líbia, mas fazer isso é sempre um movimento controverso porque significa se envolver em um conflito sem comprometer totalmente as forças terrestres.

    Putin disse que quaisquer países que imponham uma zona de exclusão aérea serão considerados como participantes no conflito armado. Se a Otan fizesse isso sobre a Ucrânia, poderia levar a Rússia a retaliar contra os estados membros da Otan.

    Javelins e Stingers

    Os Estados Unidos e outras nações ocidentais têm enviado equipamentos militares importantes para a Ucrânia para ajudar em sua luta contra a Rússia.

    Entre outros armamentos, estão os mísseis antiaéreos portáteis conhecidos como Stingers, que são lançados por soldados no solo para derrubar aeronaves em sobrevoo. Eles permitem que as tropas a pé se envolvam na batalha nos céus da Ucrânia.

    Armas antitanque portáteis, incluindo mísseis Javelin fabricados nos Estados Unidos, também estão sendo enviadas às forças ucranianas.

    Também lançados por tropas terrestres, eles têm como alvo veículos militares pesados, incluindo tanques, e trabalham para retardar e interromper comboios militares russos que se deslocam para locais-chave.

    Até agora, os Estados Unidos e a Otan enviaram à Ucrânia 17 mil mísseis antitanque e dois mil mísseis antiaéreos Stinger, segundo revelou alto funcionário dos Estados Unidos à CNN na segunda-feira.

    Existem diferentes gerações de Stingers que os Estados Unidos produzem e as autoridades dos EUA não estão fornecendo o modelo mais novo aos ucranianos para o caso de quem caiam nas mãos da Rússia – que poderia roubar a tecnologia do país

    Bombas de fragmentação e “vácuo”

    Stoltenberg, secretário-geral da Otan, acusou a Rússia de usar bombas de fragmentação como parte de seus ataques a cidades ucranianas.

    Também chamadas de bombas cluster, elas não só produzem uma explosão inicial no impacto como também contêm várias bombas menores que se espalham por uma vasta área. As bombas de fragmentação são amplamente condenadas pela comunidade internacional devido ao risco de baixas civis quando usados em áreas povoadas.

    A enviada do presidente dos Estados Unidos Joe Biden às Nações Unidas também acusou a Rússia de se preparar para usar armas proibidas, incluindo "munições de fragmentação e bombas de vácuo”, na Ucrânia.

    “Bombas de vácuo”, ou armas termobáricas, sugam o oxigênio do ar circundante para gerar uma explosão poderosa e uma grande onda de pressão que pode ter enormes efeitos destrutivos.

    A Rússia já usou armas termobáricas na Chechênia com terríveis consequências, de acordo com a Human Rights Watch.

    Uma equipe da CNN avistou um lançador de foguetes múltiplos termobáricos russo perto da fronteira com a Ucrânia no final de fevereiro.

    Crimes de guerra

    A Convenção de Genebra, assinada em 1949 na esteira da Segunda Guerra Mundial, estabelece padrões globais que devem ser observados durante uma guerra.

    O Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, Holanda, pode processar violações graves dessas normas. Há definições específicas para genocídio, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e crime de agressão.

    O TPI já abriu uma investigação ativa sobre possíveis crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia, inclusive visando populações civis, violando a Convenção de Genebra e tendo como alvo grupos específicos de pessoas.

    A Embaixada dos Estados Unidos em Kiev alegou na sexta-feira (11) que a Rússia cometeu um crime de guerra ao atacar a usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, a maior da Europa.

    “É um crime de guerra atacar uma usina nuclear”, disse a embaixada em sua conta oficial no Twitter. “O bombardeio de Putin da maior usina nuclear da Europa leva seu reinado de terror um passo adiante”.

    Sanções

    Sanções são penalidades econômicas aplicadas por um país contra outro, ou contra empresas ou pessoas específicas. Os países ocidentais impuseram uma série de sanções duras à Rússia que prejudicaram sua economia desde que Moscou invadiu a Ucrânia.

    As medidas impostas ao país incluíram impedir os dois maiores bancos da Rússia, Sberbank e VTB, de negociar em dólares americanos e remover sete instituições do Swift, um serviço global de mensagens que conecta instituições financeiras e facilita pagamentos rápidos e seguros - essencialmente isolando os bancos russos do sistema financeiro ocidental.

    Como resultado, o valor da moeda russa, o rublo, e de várias empresas russas que negociam em bolsas estrangeiras, despencou.

    Indivíduos importantes ligados ao Kremlin também foram alvos, com nações ocidentais se movendo para confiscar suas propriedades ou bens.

    Swift

    De todas as sanções ocidentais impostas a Moscou até agora, talvez a mais prejudicial seja a remoção de alguns bancos russos do Swift.

    Swift é a sigla para Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication. Fundado em 1973, substituindo o telex, o sistema é usado hoje por mais de 11 mil instituições financeiras para enviar mensagens seguras e ordens de pagamento.

    O Swift não movimenta dinheiro ao redor do mundo. O que ele faz é permitir que os bancos enviem instruções uns aos outros sobre como transferir fundos através das fronteiras. Sem alternativa aceita globalmente, ele é uma rota essencial para as finanças globais.

    Desconectar um país inteiro do Swift é considerado a opção nuclear de sanções econômicas.

    Ivana Kottasova, Luke McGee, Paul LeBlanc, Zachary B. Wolf e Charles Riley, da CNN, contribuíram para este artigo.

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