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    Suspeito de atacar Salman Rushdie é indiciado e deve ir ao tribunal hoje

    Hadi Matar, 24, é um americano muçulmano xiita que nasceu na Califórnia

    Tyler Cliffordda CNN

    Um homem suspeito de esfaquear o romancista Salman Rushdie na semana passada no oeste de Nova York será indiciado por um grande júri nesta quinta-feira (18) durante uma audiência, disse seu advogado de defesa.

    Hadi Matar, 24, é acusado de ferir Rushdie, 75, na última sexta-feira, pouco antes de o autor de “Os Versos Satânicos” dar uma palestra no palco de um retiro educacional perto do Lago Erie.

    O suspeito deve comparecer ao tribunal às 13h (horário local), disse o escritório do promotor distrital do condado de Chautauqua, Jason Schmidt, por e-mail.

    O advogado de defesa de Matar, Nathaniel Barone, disse à Reuters que um grande júri indiciou seu cliente por uma acusação de tentativa de homicídio em segundo grau e uma acusação de agressão em segundo grau.

    O gabinete de Schmidt disse que o júri devolveu uma acusação na manhã desta quinta-feira (18), mas não forneceu detalhes adicionais.

    O suspeito apareceu em um tribunal do condado no sábado e se declarou inocente de uma acusação de tentativa de homicídio em segundo grau e uma acusação adicional de agressão em segundo grau após uma queixa criminal apresentada pelos promotores.

    Ele foi preso sem fiança.

    O ataque ocorre 33 anos depois que o então líder supremo do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, emitiu uma fatwa, ou edito, pedindo aos muçulmanos que assassinassem Rushdie no ano seguinte à publicação de “Os Versos Satânicos”.

    Desde então, o escritor indiano vive com uma recompensa por sua cabeça pelo livro, que alguns muçulmanos dizem conter passagens blasfemas sobre o Islã.

    Em 1998, o governo pró-reforma do presidente Mohammad Khatami do Irã se distanciou da fatwa, dizendo que a ameaça contra Rushdie – que viveu na clandestinidade por nove anos – acabou. Mas em 2019, o Twitter suspendeu a conta do líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, por causa de um tweet que dizia que a fatwa contra Rushdie era “irrevogável”.

    Líderes políticos, inclusive nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, chamaram o ataque da semana passada de um ataque à liberdade de expressão.

    Em entrevista publicada pelo New York Post na quarta-feira, Matar disse que respeitava Khomeini, mas não disse se foi inspirado pela fatwa. Ele disse que “leu algumas páginas” de “Os Versos Satânicos” e assistiu a vídeos do autor no YouTube.

    “Eu não gosto muito dele”, disse Matar sobre Rushdie, conforme relatado no Post. “Ele é alguém que atacou o Islã, ele atacou suas crenças, os sistemas de crenças”.

    O Ministério das Relações Exteriores do Irã disse na segunda-feira que Teerã não deve ser acusado de estar envolvido no ataque. Acredita-se que Matar tenha agido sozinho e o motivo não foi conhecido, disse a polícia.

    Seu advogado de defesa, Nathaniel Barone , disse que ficou no escuro sobre a entrevista do Post e não autorizou nenhuma conversa com fontes externas.

    Matar, que é descendente de libaneses, é um americano muçulmano xiita que nasceu na Califórnia.

    Os promotores dizem que ele pegou um ônibus para a Instituição Chautauqua, um retiro a cerca de 19 km do Lago Erie, onde comprou um passe para a palestra de Rushdie, segundo o New York Times.

    Testemunhas disseram que não houve verificações de segurança óbvias no local da palestra e que Matar não falou quando atacou o autor. Ele foi preso no local por um policial estadual depois de ser jogado no chão por membros da platéia.

    Rushdie sofreu ferimentos graves no ataque, incluindo danos nos nervos do braço, ferimentos no fígado e a provável perda de um olho, disse seu agente.

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