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    Supostos espiões chineses acusados de obstruir investigação da Huawei nos EUA

    Dois deles teriam tentado recrutar um oficial norte-americano para receber informações sobre testemunhas e provas de julgamento

    Gouchun He, à esquerda, e Zheng Wang
    Gouchun He, à esquerda, e Zheng Wang Departamento de Justiça dos EUA

    Hannah Rabinowitzda CNN

    O Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu nesta segunda-feira (24) acusações contra seis cidadãos chineses, incluindo cinco supostos espiões, acusados de trabalhar em nome do governo da China para recrutar cidadãos norte-americanos como fontes que passariam informações com o intuito de minar o processo federal contra uma grande empresa chinesa.

    De acordo com documentos da acusação, a empresa de telecomunicações chinesa enfrentava um processo federal no Brooklyn, em Nova York. Embora a acusação não nomeie qual é a companhia, uma pessoa familiarizada com a investigação confirmou à CNN que a empresa é a Huawei.

    Os anúncios destacam os esforços crescentes do departamento para reprimir os espiões chineses que trabalham em solo americano para minar os interesses do governo dos EUA, disse o procurador-geral Merrick Garland em entrevista coletiva nesta segunda.

    “Como esses casos demonstram, o governo chinês procurou interferir nos direitos e liberdades dos indivíduos nos Estados Unidos e minar nosso sistema judicial que protege esses direitos”, disse Garland. “Eles não conseguiram”.

    Dois dos supostos espiões, Gouchun He e Zheng Wang, foram acusados de interferir em um processo federal contra a empresa global de telecomunicações Huawei. Os dois, no entanto, não foram presos.

    Agente dos EUA enganou chineses e repassou informações ao FBI

    Eles supostamente cultivaram um relacionamento com um oficial da lei envolvido no caso a partir de 2017. He e Wang acreditavam que haviam recrutado o oficial como um agente chinês, de acordo com documentos de acusação, mas o oficial dos EUA estava trabalhando como “agente duplo” sob supervisão do FBI, mantendo sua fidelidade aos Estados Unidos.

    Quando a investigação sobre a Huawei começou, os dois supostamente pediram ao funcionário informações sobre testemunhas, provas de julgamento e novas acusações que poderiam ser feitas contra a Huawei. Em troca, o funcionário americano recebeu milhares de dólares em dinheiro e joias, dizem os promotores.

    He e Wang continuaram a pagar o funcionário dos EUA por informações, de acordo com documentos judiciais, enviando milhares de dólares em Bitcoin como forma de pagamento até a última semana.

    À medida que a investigação da Huawei avançava, He e Wang supostamente aumentaram seus esforços para interferir no processo contra a empresa. De acordo com os documentos da acusação, He e Wang pediram aos policiais que gravassem os promotores durante as reuniões de estratégia de julgamento para que eles pudessem compartilhar informações que não eram públicas com a Huawei.

    O oficial dos EUA deu aos dois supostos espiões chineses uma fotografia de um documento de página única com uma falsa marcação “confidencial” relacionada ao caso, de acordo com a acusação. O funcionário dos EUA teria recebido US$ 41 mil pelo documento.

    Recrutamento de agentes para a China

    Em um esquema separado, os promotores alegam que quatro cidadãos chineses se envolveram em um esquema que já durava uma década para recrutar indivíduos nos EUA para trabalhar como agentes do governo chinês e transmitir informações que consideravam úteis para os objetivos de inteligência da China.

    De acordo com a acusação, os réus – alguns dos quais eram oficiais de inteligência chineses – trabalhavam sob a cobertura de um falso think tank (um evento que reúne diversas ideias) para tentar recrutar americanos, incluindo professores universitários, um ex-agente da lei federal e oficial de segurança interna do estado. Os réus tentaram subornar seus alvos com presentes generosos, alegam os promotores, inclusive com uma viagem à China com todas as despesas pagas.

    Os quatro réus esperavam obter tecnologia e equipamentos para enviar de volta à China, de acordo com a acusação. Os réus também esperavam interromper os protestos nos EUA que o governo chinês considerava embaraçosos.

    Cada um dos quatro homens é acusado de conspiração para atuar nos Estados Unidos como agentes de um governo estrangeiro. O departamento disse em um comunicado à imprensa que os homens são residentes da China – não está claro se eles foram presos.

    Repatriação

    Os anúncios desta segunda vêm após a notícia de que na semana passada o Departamento de Justiça abriu uma acusação sobre o delineamento de um plano para intimidar um residente dos EUA a retornar para a China para enfrentar acusações criminais.

    De acordo com a acusação, sete cidadãos chineses ameaçaram um residente de Nova York e sua família, incluindo membros da família que ainda moravam na China, com agressões, incluindo encarceramento.

    O caso está relacionado à Operação Fox Hunt, do Partido Comunista Chinês (PCC), uma campanha internacional anticorrupção que visa fugitivos chineses. O governo chinês lançou a Operação Fox Hunt em 2014 para atingir cidadãos ricos acusados de corrupção, que fugiram do país com grandes quantias de dinheiro.

    Dois dos réus nesse caso foram presos. Um traço comum em muitos desses casos é que os cidadãos chineses que enfrentam acusações dos EUA moram no exterior e provavelmente nunca serão julgados em tribunais federais.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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