Suíça pode aprovar proibição de cobertura facial neste domingo
De acordo com a Universidade de Lucerna, praticamente ninguém na Suíça usa burca e apenas cerca de 30 mulheres usam o niqab
Uma proposta de extrema-direita que visa proibir as coberturas faciais na Suíça caminha para uma vitória apertada em um referendo obrigatório realizado neste domingo (7). A medida é vista como um teste aos muçulmanos.
Projeções realizadas pela emissora pública de televisão suíça SRF, baseadas em resultados parciais, apontam para a vitória da medida por 52% a 48%. A margem de erro é de dois pontos. Os resultados finais, no entanto, serão divulgados ainda neste domingo.
A proposta não menciona o Islã diretamente e também visa impedir que manifestantes violentos usem máscaras. Apesar disso, a mídia, políticos e ativistas locais consideraram a proposta como uma proibição do uso da burca.
“Na Suíça, nossa tradição é mostrar a cara. Isso é um sinal de nossas liberdades básicas ”, disse Walter Wobmann, presidente do comitê do referendo e membro do parlamento pelo Partido do Povo Suíço, antes da votação.
Ele chamou a cobertura facial de “um símbolo para este Islã político extremo que se tornou cada vez mais proeminente na Europa e que não tem lugar na Suíça”.
A proposta é anterior à pandemia de Covid-19, que exigiu que todos os adultos usassem máscaras em muitos ambientes para evitar a disseminação do vírus, e reuniu o apoio necessário em 2017 para desencadear um referendo.
A medida agravou a relação tensa da Suíça com o Islã depois que os cidadãos votaram em 2009 para proibir a construção de novos minaretes, a torre de uma mesquita. Atualmente, dois distritos já têm proibições em relação às coberturas faciais.
Em 2011, a França proibiu o uso de véu que cubra toda a face em público. Já Dinamarca, Áustria, Holanda e Bulgária proibiram o uso de coberturas faciais, parciais ou totais, em público.
De acordo com a Universidade de Lucerna, praticamente ninguém na Suíça usa burca e apenas cerca de 30 mulheres usam o niqab. Os muçulmanos representam 5% da população suíça, a maioria com raízes na Turquia, Bósnia e Kosovo.
Muçulmanos suíços disseram que os partidos de direita estão usando o voto para demonizá-los e reunir simpatizantes.
A Anistia Internacional chamou a proibição do véu facial de “uma política perigosa que viola os direitos das mulheres, incluindo a liberdade de expressão e religião”.
O governo disse que a proposta foi longe demais e recomendou que os eleitores rejeitassem a proibição.