Sob calor de 51° C, cerca de 530 egípcios morrem em peregrinação na Arábia Saudita
Quase 2 milhões de mulçumanos terminam a jornada para a Grande Mesquita de Meca nesta semana
O calor extremo foi fatal para os quase 2 milhões de muçulmanos que terminam a peregrinação anual do Hajj nesta semana, iniciada na sexta-feira (15), para a Grande Mesquita de Meca, na Arábia Saudita.
Pelo menos 562 pessoas morreram durante o evento, de acordo com uma contagem da Reuters baseada em declarações e fontes do Ministério das Relações Exteriores.
Fontes médicas e de segurança disseram à Reuters, nesta quinta-feira (20), que pelo menos 530 peregrinos egípcios morreram ao participar do Hajj e outros 40 estão desaparecidos, enquanto o calor extremo atinge a peregrinação muçulmana anual a Meca
As temperaturas ultrapassaram 51° C.
O Egito formou uma unidade de crise na quinta-feira (20) para investigar as mortes dos egípcios que participavam do da peregrinação.
A fonte médica, que fazia parte da delegação oficial do Hajj egípcio, disse que a maioria dos que morreram não estavam formalmente registados para o evento junto das autoridades, o que significava que não tinham acesso às tendas.
O gabinete do Egito anunciou a formação da unidade de crise por ordem do presidente Abdel Fattah al-Sisi, em um comunicado.
As autoridades disseram que 28 mortes foram confirmadas em um grupo de 50.752 peregrinos egípcios oficialmente registados.
Não foram informados nenhum número de peregrinos não registrados. Segundo o gabinete, o Egito estava buscando um inventário preciso dos mortos e desaparecidos e estava em coordenação com seus homólogos sauditas para providenciar a transferência de corpos.
As empresas que facilitaram viagens para peregrinos não registrados seriam investigadas e penalizadas, acrescentou a autoridade.
Uma testemunha da Reuters disse que durante a peregrinação milhares de peregrinos ficaram nas ruas, expostos ao sol, na subida ao Monte Arafat, um dos rituais da viagem.
Os corpos dos peregrinos mortos foram posteriormente cobertos com pano Ihram – um traje simples usado pelos peregrinos – até a chegada de veículos médicos, disse a testemunha.
Quinto pilar do Islão, o Hajj é obrigatório uma vez na vida para todos os muçulmanos fisicamente aptos que possam pagar. A peregrinação também é a manifestação mais significativa da fé e unidade islâmicas.
O evento deste ano, que começou na sexta-feira (14), deverá atrair cerca de 2 milhões de peregrinos.
Os cientistas climáticos disseram que o aumento das temperaturas representa uma ameaça crescente ao evento, embora as mortes relacionadas com o calor durante o Hajj não sejam novas e tenham sido registadas desde o ano 1400.
A falta de aclimatação a temperaturas mais elevadas, o esforço físico intenso, os espaços expostos e a população idosa são alguns dos fatores que tornam os peregrinos vulneráveis.
No ano passado, mais de 2 mil pessoas sofreram de estresse térmico, segundo autoridades sauditas.
A situação ficará muito pior à medida que o mundo aquecer, disseram os cientistas.
Em 2016, a Arábia Saudita publicou uma estratégia térmica que incluía a construção de áreas sombreadas, o estabelecimento de pontos de água potável a cada 500 metros e a melhoria da capacidade de saúde.