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    Será que turismo britânico precisa da família real?

    Em pesquisa recente feita online pelo instituto de pesquisa YouGov, 51% dos entrevistados não achavam que a coroação deveria ser paga pelos contribuintes

    Ross Bennett-Cookda CNN

    Se ela é amada ou odiada, não importa: a família real está ao lado dos telefones públicos vermelhos e do chá da tarde com bolinhos quando se trata de ter uma imagem britânica por excelência.

    Lojas de souvenirs têm os rostos deles por toda parte, jornais de todo o mundo discutem temas da família e séries de TV baseadas na vida de reis, rainhas, príncipes e princesas estão mais populares do que nunca.

    Sempre que as pessoas são críticas à família real britânica, repete-se uma mesma frase em sua defesa: “mas pense no turismo!”.

    O argumento tem sido bem usado recentemente, já que muitos questionam como um país que enfrenta greves em massa e um custo de vida incapacitante pode pagar o valor estimado de £100 milhões (cerca de R$ 614 milhões) da coroação do rei Charles III.

    Em uma pesquisa recente feita online pelo instituto de pesquisa YouGov, 51% dos entrevistados não achavam que a coroação deveria ser paga pelos contribuintes. Para os jovens, esse número foi ainda maior: 62%. Mas os apoiadores usam frequentemente o turismo como justificativa para despesas suntuosas.

    A família real leva, de fato, turistas para o Reino Unido. A consultoria econômica Center for Economics and Business Research estimou que o fim de semana de coroação traria um aumento de £337 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) de gastos de visitantes com turismo, incluindo as contas nos pubs.

    Mas, será que, se a família real desaparecesse, o setor do turismo do Reino Unido implodiria de repente?

    Uma pesquisa de 2011 do VisitBritain, o escritório oficial do turismo no país, descobriu que cerca de 60% dos turistas que vão ao Reino Unido provavelmente visitam lugares associados à realeza. Embora não haja dados mais recentes, em 2022 o VisitBritain revelou também que a história e o patrimônio foram o maior fator de atração para os turistas.

    Embora a percepção internacional da Grã-Bretanha esteja certamente entrelaçada com os Windsor, isso não significa que uma casa real reinante seja necessária para o turismo.

    Afinal, a história envolvendo a monarquia e lugares associados a ela ainda estariam aqui, mesmo que a família real não governasse mais.

    Os palácios otomanos de Istambul, na Turquia, permanecem atrações muitíssimo populares 100 anos depois do colapso do califado, assim como os chatôs reais da França ou palácios imperiais da China.

    A falta de membros ativos da realeza não parece ter afetado o apelo destes países – e, por sinal, cada um deles atrai mais turistas anualmente que o Reino Unido.

    Um relacionamento especial

    Os EUA são o maior mercado turístico do Reino Unido e os turistas americanos parecem ter um apreço especial pelas atrações associadas à realeza britânica.

    Mas isso pode mudar com o novo monarca. Em uma pesquisa feita em fevereiro de 2021, antes da morte da rainha Elizabeth II, 68% dos americanos a viam de uma forma favorável.

    A mesma pesquisa descobriu que apenas 34% tinham uma opinião positiva de Charles. No entanto, isso mudou após a sua ascensão ao trono, de acordo com uma pesquisa realizada antes da coroação que lhe deu uma aprovação de 50% nos EUA.

    Mesmo assim, 62% dos respondentes dos EUA disseram que não se importavam muito com a coroação.

    Fora os Estados Unidos, os maiores grupos nacionais que enviam turistas ao Reino Unido têm significativamente menor interesse na família real.

    A operadora de viagens online Travelzoo, baseada nos EUA, descobriu em 2016 que apenas 19% dos alemães, 15% dos franceses e apenas 10% dos viajantes espanhóis gostariam de ir ao Reino Unido por causa da monarquia britânica.

    Para onde vão os turistas?

    Normalmente, quando comentaristas discutem na mídia as contribuições da realeza para o turismo, eles mencionam eventos significativos, como casamentos, jubileus, coroações e funerais.

    que, mesmo que esses momentos atraiam imensas multidões, eles acontecem raramente e não são representativos do setor do turismo como um todo.

    Pesquisas descobriram que os casamentos reais melhoram imensamente a imagem e a consciência da marca de um país, mas não são comparáveis aos grandes megaeventos, como a Copa do Mundo da FIFA, o Super Bowl ou os Jogos Olímpicos.

    Embora os endereços da monarquia sejam populares, estão longe das serem as atrações mais populares do Reino Unido. Dos dez pontos mais visitados da Grã-Bretanha, em 2021, gratuitos e pagos, nenhum era uma atração da realeza.

    O local com melhor colocação nessa categoria foi a Torre de Londres, ficando apenas em 17º lugar na lista.

    Normalmente, o Chester Zoo atrai mais visitantes do que o Castelo de Windsor ou o Palácio de Buckingham, embora essas estatísticas não diferenciem turistas nacionais e internacionais. A mais recente pesquisa de visitantes feita na cidade de Windsor apontou que a maioria de seus turistas veio do exterior.

    O grupo antimonarquia Republic contestou o número muito propalado de que a monarquia gera £500 milhões (cerca de R$ 3 bilhões) em renda turística para o Reino Unido anualmente – o que seria apenas uma pequena fração de toda a economia do turismo britânico de £127 bilhões de dólares (cerca de R$ 780 bilhões).

    O grupo também questiona por que a realeza mal aparece em campanhas ou anúncios do turismo britânico, se é assim tão vital para gerar renda para o turismo.

    É impossível negar que a monarquia aumenta o apelo do Reino Unido como destino turístico, já que a história e o patrimônio associado a ela são famosos em todo o mundo.

    No entanto, o que é questionável é se uma monarquia reinante é necessária para que esse poder de atração perdure.

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