Ser a favor da causa palestina não é ser a favor do Hamas, afirma professor de geopolítica
Desconstrução do argumento que mistura a criação de um Estado palestino às ações terroristas do grupo radical islâmico se dá por meio do entendimento da história da Faixa de Gaza, na qual há diferentes grupos, com interpretações distintas de entidades radicais
O apoio à criação de um Estado palestino não significa apoiar o grupo radical islâmico Hamas, na visão do professor de segurança internacional e geopolítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Fernando Brancoli.
“A criação de um Estado palestino, ou seja, a ideia de que a Palestina seja um estado soberano, atravessa diversos grupos pelo globo, a exemplo da Europa e Estados Unidos. Dentro dessa lógica, obviamente, isso não significa ser a favor das práticas grotescas e terroristas do Hamas”, disse em entrevista à CNN nesta segunda-feira (16).
Conforme o especialista, a desconstrução do argumento que mistura a causa palestina às ações terroristas do grupo radial islâmico Hamas se dá por meio do entendimento da história da Faixa de Gaza, na qual há diferentes grupos que têm distintas interpretações de vida, religiões e de como deve ser feita a construção de um Estado palestino.
No que concerne ao pensamento do povo israelense sobre a construção desse Estado palestino, o professor da UFRJ aponta que há grupos dentro do país de maioria judia que são favoráveis a criação desse governo soberano, com fronteiras delimitadas, e que justificam o seu apoio com o intuito de estabelecer a paz entre judeus e palestinos.
“Por parte da Palestina, também vemos, historicamente, que grupos querem a construção de um Estado e que não desejam o fim de Israel”, acrescenta Brancoli.
“De maneira proposital, para grupos mais absolutistas, aqueles dizem que tudo se coloca de forma binária, faz muito sentindo dizer que todos os palestinos são pró Hamas e, por outro lado, dizer que as ações de Benjamin Netanyahu representam toda população israelense”, relembra o professor, ao que acrescentou em outro momento da entrevista: “No entanto, devemos saber diferenciar a causa palestina — dizendo que é a construção de um Estado pacífico — e as ações terroristas [do Hamas]”.
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