Seis militares russos são acusados por ataque global na internet
Réus são acusados de interferência em sistemas de hospitais nos Estados Unidos e nas eleições na França


Seis militares russos foram acusados nesta segunda-feira (19) de hackear um software usando um ‘malware’ – um programa prejudicial ao sistema do computador – para causar um ‘apagão’ em milhares de computadores e provocar mais de 1 bilhão de dólares em perdas, ações que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos considerou que pretendiam apoiar os esforços do governo russo para retaliar e desestabilizar a rede mundial de computadores.
Os supostos hackers são oficiais do Diretório de Inteligência Russo (GRU), uma agência de inteligência militar do Estado-Geral das Forças Armadas da Rússia, afirmou o Departamento de Justiça dos EUA.
Os promotores disseram que eles atacaram a Ucrânia; o país Geórgia; as eleições na França; os esforços de investigação de que a Rússia teria usado armas de efeito no sistema nervoso, como o Novichok, em território estrangeiro; e as Olimpíadas de Inverno de PyeongChang, após a delegação russa ter sido banida de participar do evento pelo país, como consequência de um esforço de doping patrocinado pelo governo.
O Tribunal Distrital dos Estados Unidos da Pensilvânia registrou um mandado federal de prisão para cada um dos réus sob essas acusações.
“Os réus e seus co-conspiradores causaram danos e perturbações à rede mundial de computadores, em países como a França, a Geórgia, os Países Baixos, a República da Coréia, a Ucrânia, o Reino Unido e os Estados Unidos”, disseram os promotores.
Eles foram acusados por sete delitos: conspiração para conduzir fraudes e abusos em computadores, conspiração para cometer fraude de correspondências, fraude de correspondências, danos a computadores protegidos e fraude ideológica grave.
Um dos ‘malwares’ desenvolvidos pelos hackers derrubaram os sistemas médicos do hospital Heritage Valley, na Pensilvânia, segundo os promotores.
Entre novembro de 2015 e outubro de 2019, “seus ataques a computadores usaram alguns dos malwares mais destrutivos já criados, como o ‘KillDisk’ e o ‘Industroyer’, que causaram apagões das redes na Ucrânia; o ‘Not Petya’, que causou uma perda de quase 1 bilhão de dólares para três vítimas identificadas pela acusação; e o ‘Olympic Destroyer’, que corrompeu milhares de computadores usados no suporte das Olimpíadas de Inverno de PyeongChang”, afirmou a acusação.
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O malware ‘Not Petya’, por exemplo, conhecido mundialmente, danificou computadores usados em infra estruturas cruciais, e causou enormes perdas financeiras. Entretanto, essas perdas foram apenas uma parte do prejuízo.
Por exemplo, o Not Petya também prejudicou a provisão de serviços importantes de saúde em hospitais da Pensilvânia, em especial os da rede Heritage Valley, que administra dois hospitais, 60 consultórios e 18 instalações comunitárias satélites.
O ataque provocou uma falha no sistema, que impediu o acesso à listas de pacientes, históricos dos pacientes, resultados de exames e registros de laboratórios.
Os hospitais perderam o acesso a sistemas de computador críticos – como aqueles relacionados à cardiologia, medicina nuclear, radiologia e cirurgias – por cerca de uma semana e sistemas administrativos por quase um mês, ameaçando a saúde pública e a segurança.
Yuriy Sergeyevich Andrienko, de 32 anos; Sergey Vladimirovich Detistov, de 35; Pavel Valeryevich Frolov, de 28; Anatoliy Sergeyevich Kovalev, de 29; Artem Valeryevich Ochichenko, de 27; e Petr Nikolayevich Pliskin, de 32, enfrentam a sentença máxima por fraude de correspondência, de 27 anos.
Eles estão sendo procurados e acredita-se que estão na Rússia no momento.
Os promotores disseram que Kovalev pode ter desenvolvido “técnicas e mensagens de ‘spear phising’ – que acessa dados sigilosos ilegalmente – , para obter dados de membros do partido francês En Marche!; de empregados do Laboratório de Defesa em Ciência e Tecnologia, do Reino Unido; de membros do Comitê Olímpico e de atletas; e de funcionários de uma entidade midiática da Geórgia”.
Kovalev já havia sido acusado em 2018 por tentar ganhar acesso não autorizado a computadores de cidadãos americanos e de entidades envolvidas com a administração das eleições presidenciais dos EUA em 2016.
(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês)