Secretário-geral da Otan pede que Rússia dê “um passo para trás” e escolha a diplomacia
Em coletiva de imprensa, Jens Stoltenberg disse que, se a Rússia atacar, sanções serão aplicadas
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que a crise na Ucrânia é a mais perigosa em uma geração e pediu que a Rússia dê “um passo para trás” e escolha a diplomacia.
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (22), Stoltenberg afirmou que há uma “séria escalada e violação do Direito Internacional” e que a crise foi criada pela Rússia.
“Encorajamos a Ucrânia a não responder às provocações russas”, afirmou.
O secretário disse ainda que há chance de uma invasão russa e que as milhares de tropas russas ao longo da fronteira da Ucrânia estão em posição de ataque.
“As indicações são de que a Rússia continua planejando um ataque completo. Vimos aumento das forças. Prometeram retirar tropas, mas estão aumentando”, disse Stoltenberg.
O secretário afirmou ainda durante a coletiva de que “nunca é tarde demais para a Rússia não atacar, por isso continuamos pedindo à Rússia que dê um passo para trás”.
Stoltenberg disse que a Otan sempre se colocou à disposição para conversar e que, por isso, recebeu bem a imposição de sanções por parte dos países-membro do bloco.
Ainda sobre a possibilidade de um conflito, ele pontuou que a Rússia já enviava muitas tropas secretamente para a região de Donbas (onde estão os separatistas) e que agora há um aumento da presença militar do país por lá.
Assim, a Otan está aumentando a presença nos países bálticos e deixou as “forças de resposta em alerta”.
Durante a coletiva, o secretário-geral Stoltenberg também afirmou que a Ucrânia já é um país invadido, citando a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.
“A Rússia já invadiu a Ucrânia, na verdade. O que temos agora é um país que já foi invadido e que está sofrendo mais invasão, e com uma presença russa ainda maior”, afirmou.
Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia está aumentando a pressão sobre seu ex-vizinho soviético, ameaçando desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.
A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país. A mobilização provocou alertas de oficiais de inteligência dos EUA de que uma invasão russa pode ser iminente.
Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não chegaram a uma conclusão. Foi reconhecida pelo presidente russo Vladimir Putin, na segunda-feira (21), a independência de Donetsk e Luhansk, duas áreas separatistas ucranianas.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.
(Com informações de Sarah Marsh e Madeline Chambers, da Reuters, e de Eliza Mackintosh,