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    Scotland Yard diz que “se arrependeu” de prisões durante a coroação de Charles III

    Polícia de Londres admitiu detenções arbitrárias de manifestantes anti-monarquia na festa da família real; líder do grupo Republic, que liderou atos, não aceitou desculpas e disse que irá processar os policiais

    Américo Martinsda CNN , Londres

    A Polícia Metropolitana de Londres expressou “arrependimento” pelas prisões de manifestantes anti-monarquia no sábado (6), durante a coroação do rei Charles III.

    Uma revisão da própria Scotland Yard descobriu que pelo menos seis manifestantes do grupo anti-monarquia Republic (República) foram presos antes do início da procissão real sem nenhum indício de que eles tinham a intenção de cometer algum tipo de crime.

    Os seis foram presos quando seu veículo foi parado perto da rota da procissão por policiais que acreditaram que eles planejavam se amarrar a obstáculos próximos da parada para não poderem ser removidos.

    Os policiais utilizaram como desculpa para as prisões mudanças na Lei de Ordem Pública do Reino Unido, aprovadas poucos dias antes da semana da coroação. Essa lei tornou ilegal, entre outras coisas, a prática de se amarrar a objetos para evitar a remoção de manifestantes.

    Organizações de direitos civis e muitos políticos, inclusive alguns do Partido Conservador, no poder, dizem que, na prática, a nova lei dá à polícia o poder de decidir no ato se manifestantes têm ou não a intenção de cometer “crimes” durante protestos.

    Leis arbitrárias como essa costumam ser parte do arcabouço legal de ditaduras e países autoritários. No caso, o Reino Unido diz ter orgulho de ser uma das democracias mais antigas do mundo.

    O ex-ministro conservador David Davis, por exemplo, disse à mídia local que a nova lei é “muito grosseira e muito ampla”. Davis disse que “uma semana após a Lei de Ordem Pública entrar em vigor a polícia já teve que se desculpar” pelas prisões.

    No total, 64 manifestantes foram presos por atos pacíficos contra a monarquia durante a coroação. Apenas quatro dessas pessoas foram indiciadas, com algum tipo de evidência de que iriam cometer algum tipo de crime.

    Fachada da Scotland Yard, em Londres. Instituição foi alvo de críticas por sua atuação na coroação do Rei Charles III / Dan Kitwood/Getty Images

    A reportagem da CNN Brasil acompanhou, durante a coroação, a atuação da polícia para tentar conter os manifestantes.

    Em determinado momento, logo após a passagem da carruagem do rei Charles em direção à Abadia de Westminster, um grupo de manifestantes do Republic foi cercado por mais de 30 policiais e retirado da linha de frente da procissão –sendo colocado pelos policiais numa área onde os cartazes que carregavam não podiam ser vistos nem pela família real e nem pelas câmeras de TV.

    Graham Smith, o líder do Republic, um dos seis presos na manhã de sábado, disse que não aceitou a postura de “arrependimento” ou qualquer pedido de desculpas da polícia. Ele disse que vai processar os policiais pela prisão arbitrária.

    Segundo ele, a polícia sempre teve a intenção de prendê-los e impedir qualquer tipo de manifestação, mesmo pacífica.

    O primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, defendeu a ação da polícia e desconversou, dizendo que o importante era que a festa da coroação tinha dado certo.

    O chefe da Scotland Yard, Mark Rowley, disse que apoiou a ação dos policiais, embora tenha afirmado também que tenha sido “infeliz” que aqueles que foram presos não puderam se juntar a outros ativistas.

    A polícia de Londres também tem sido muito criticada e perdido grande parte de sua reputação por vários outros problemas, inclusive racismo institucional e abusos sexuais – dois problemas comprovados por investigações independentes.

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