Salem Nasser: situação no Líbano é dramática e trágica
O professor de direito internacional da Fundação Getulio Vargas (FGV) afirmou que a explosão foi algo nunca visto antes na história do país
Em entrevista à CNN nesta terça-feira (4), o professor de direito internacional da Fundação Getulio Vargas (FGV) Salem Nasser disse que a grande explosão ocorrida em Beirute, no Líbano, nesta terça-feita (4), foi algo nunca visto na história do país. “O número de vítimas será enorme e o trauma está sendo muito fortemente vivido”, falou.
Mas antes da tragédia desta terça, disse o professor, o país já vivia uma situação preocupante. Há vários meses, uma crise econômica atingiu todas as classes sociais.
“Houve uma decisão de restringir a retirada de dinheiro dos bancos. Então, qualquer pessoa, com muito ou pouco dinheiro, estava com um valor restrito de dólares ou libras libanesas que poderia retirar”, explicou.
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“Isso secou o mercado. As pessoas começaram a ficar desempregadas, a inflação estava altíssima e o câmbio, que estava estável desde 1991, ficou fora de controle”, completou.
Além disso tudo, surgiu a crise sanitária da Covid-19, que agravou a crise econômica.
Esta semana o Líbano se viu forçado a voltar a uma situação de lockdown – confinamento.
Tensão política
Segundo o professor, o cenário político regional é tenso e interfere muito fortemente na vida dos libaneses.
“O que o Líbano vinha sendo pressionado a fazer, para que fosse oferecida a ele alguma ajuda pelo Ocidente, era o impossível: alijar o Hezbollah do sistema de poder libanês”, explicou.
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O Hezbollah, organização política islâmica xiita, de acordo com o professor, não faz parte do governo, mas tem uma força política muito importante no país.
“Nada acontece sem que ele tenha algo a dizer. Alijar o Hezbollah é uma impossibilidade na sociedade e na política libanesa.”