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    Saiba quem é Miguel Diaz-Canel, novo líder do Partido Comunista de Cuba

    Atual presidente do país apresenta a imagem de um líder mais jovem, mas suas políticas são tão conservadoras quanto as dos irmãos Castro 

    Presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel, foi escolhido primeiro secretário do Partido Comunista
    Presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel, foi escolhido primeiro secretário do Partido Comunista Foto: Ariel Ley Royero - 19.abr.2021/ACN/Reuters

    Patrick Oppmann, da CNN

    O Partido Comunista de Cuba anunciou, na segunda-feira (20), que escolheu o presidente cubano Miguel Diaz-Canel para a posição de primeiro secretário, substituindo Raúl Castro, que anunciou a aposentadoria na semana passada.

    Com a transição, ele será o primeiro cubano à frente do governo e do único partido político permitido por lei na ilha sem o sobrenome Castro.

    Diaz-Canel terá a missão de traçar o rumo que será seguido pela Revolução Cubana, agora que todos os comandantes guerrilheiros que tomaram o poder em 1959 morreram ou envelheceram.

    “O camarada Raúl será consultado sobre as decisões estratégicas mais importantes de maior peso para o destino de nossa nação. Ele estará sempre presente”, disse Diaz-Canal sobre Castro, ao aceitar o novo cargo.

    Nascido em 1960, no mesmo ano em que a família Castro nacionalizou todas as propriedades dos Estados Unidos em Cuba, Diaz-Canel não exala nem o carisma de Fidel nem a autoridade de Raúl. Ao contrário dos Castros, é um burocrata em vez de um revolucionário de uniforme verde oliva. 

    Saber como navegar na burocracia disfuncional de Cuba pode revelar-se uma habilidade mais vital do que comandar um batalhão, já que muitas das propostas de Raúl Castro, como transformar o porto de Mariel em um centro de manufatura e unificar as duas moedas do país, não saíram do papel.

    Enquanto desfrutava do apoio total e duradouro do ex-presidente, o novo líder cubano fez a obra de sua vida subir na hierarquia no sistema comunista.

    “Diaz-Canel não é fruto de improvisação, mas de uma seleção bem pensada de um jovem revolucionário com condições de ser promovido a cargos superiores”, disse Castro em discurso na sexta-feira (16) no Congresso do Partido Comunista, que foi convocado para selecionar o substituto do revolucionário.

    O legado Castro

    Desde que assumiu a presidência cubana em 2018, Diaz-Canel apresenta a imagem de um líder mais jovem e dinâmico, que posta mensagens nas redes sociais e lê em um tablet em reuniões governamentais.

    Suas políticas, no entanto, têm sido tão conservadoras, senão mais, que as de Raúl Castro. É uma estratégia destinada a garantir à geração mais velha que ainda ocupa cargos políticos importantes que ele não minará a Revolução.

    Ele precisa desse apoio político para lidar com o descontentamento generalizado provocado pela queda da economia, o aumento das sanções dos EUA e grupos dissidentes antigovernamentais cada vez mais experientes em tecnologia.

    Dirigindo-se a ativistas da oposição que ele chamou de “mercenários”, Diaz-Canel advertiu que “a paciência do povo tem limites”. Alguns críticos do governo cubano dizem que a transição é, na verdade, uma cortina de fumaça.

    “O regime de Castro está tentando enganar a comunidade internacional dizendo, ‘Oh, agora os Castros não estão mais no poder, agora um cara novo tem as rédeas do país e realmente vai governá-lo de uma maneira diferente’” disse a deputada Maria Elvira Salazar, uma congressista cubano-americana que conquistou sua cadeira em 2020 prometendo sanções mais duras contra Cuba. “Os Castros ainda estão no poder”, completou ela.

    Mesmo que nenhum membro da família ocupe cargos de liderança, não há dúvida de que os Castros continuarão a exercer grande influência enquanto o governo comunista e os poderosos militares que o construíram permanecerem intactos.

    Na segunda-feira (19), o general Luis Alberto Rodríguez López-Calleja, genro de Raúl Castro, que dirige uma extensa empresa militar que controla hotéis, marinas e projetos de infraestrutura estatais, foi pela primeira vez nomeado para o politburo, o comitê central do Partido Comunista de Cuba. 

    Aposentadoria de Raúl

    Raúl Castro sempre frisou que sua aposentadoria estava em andamento. Ao contrário do irmão mais velho, Fidel, que foi chefe de Estado por 49 anos e planejava permanecer no cargo até morrer, ele implementou medidas para restringir os presidentes cubanos a dois mandatos de cinco anos e exigir que eles tivessem menos de 60 anos no início do primeiro mandato.

    Ele fará 90 anos em junho, a mesma idade Fidel tinha quando morreu em 2016. Depois que uma doença misteriosa o tirar do poder em 2008, Fidel continuou a escrever artigos e a opinar sobre os eventos que ocorriam na ilha.

    Agora, a expectativa é que Raúl mantenha um perfil discreto na aposentadoria. Desde que deixou a presidência em 2018, ele fez poucas aparições públicas. Quando esteve com Miguel Diaz-Canel, ele deixou o sucessor falar.

    Expectativa é que Raúl Castro mantenha um perfil discreto na aposentadoria
    Expectativa é que, aos 89 anos, Raúl Castro mantenha perfil discreto na aposentadoria
    Foto: Sven Creutzmann – 1º.mai.2008/Reuters

    O ex-presidente passa a maior parte do tempo em uma grande casa reservada, em um bairro de classe alta antes da Revolução Cubana, na cidade oriental de Santiago de Cuba, perto de onde Fidel está enterrado.

    Quando a CNN visitou Santiago, em 2020, os moradores da cidade se referiram à casa como “punto cero” ou “ponto zero”, o mesmo apelido dado à residência do chefe de estado, onde Fidel Castro viveu os últimos anos em Havana.

    Enquanto os planos do funeral de Fidel eram, antes de sua morte, segredo de estado, Raúl já ergueu um túmulo em seu nome ao lado do túmulo da esposa Vilma Espín, uma colega guerrilheira que morreu em 2007, em um panteão aos revolucionários que lutou ao lado deles.

    Raúl Castro raramente faz longos discursos como o irmão fazia. Mas na sexta-feira, quando anunciou a saída do partido, falou por mais de duas horas.

    “Eu vou continuar lutando como mais um combatente revolucionário”, disse ele. “Pronto para dar minha modesta contribuição até o fim da minha vida.”

    (Texto traduzido; leia o original em inglês)

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