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    Russos aprovam mudanças na Constituição que podem deixar Putin no poder até 2036

    Campanha a favor de projeto do governo não mencionava as novas reeleições, e tinha foco em pautas conservadoras e econômicas

    O presidente da Rússia, Vladimir Putin
    O presidente da Rússia, Vladimir Putin Foto: Alexei Nikolskyi - 27.mai.2020/ Kremlin/ Sputnik/ Reuters

    Da CNN

    Resultados preliminares de um plebiscito na Rússia indicam que as mudanças na Constituição defendidas pelo presidente Vladimir Putin serão aprovadas por uma extensa margem. A se confirmarem os resultados, Putin poderá concorrer a mais dois mandatos ao final do atual. No limite, poderá ficar no cargo até 2036.

    Vladimir Putin, um antigo oficial da KGB, o serviço secreto russo, chegou ao poder na Rússia em 1999, na primeira vez que tomou posse como primeiro-ministro. Desde então, alternou passagens entre primeiro-ministro e presidente da República, cargo que cresceu de importância e ele exerce desde 2012, estando hoje no segundo mandato de seis anos.

    A extensão do poder de Putin acontecerá porque a reforma constitucional proposta por ele “zera” esses mandatos que ele já exerce — permitindo que dispute as eleições de 2024 como se estivesse concorrendo pela primeira vez.

    Apesar desse impacto na chefia do governo do país, a campanha em prol das mudanças na Constituição ocultou esse trecho. O foco foi na defesa de ideias conservadoras, como uma emenda que proíbe de forma expressa o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo no país, e outras econômicas, como a proteção de pensões.

    O governo promoveu um grande esforço para levar as pessoas ao plebiscito, estendendo o prazo de votação para sete dias, para afastar o risco de contaminação pelo novo coronavírus. Segundo os números de uma contagem preliminar feita com um quarto dos votos, 73% dos russos apoiaram as emendas.

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    Pesquisas mostram que Vladimir Putin é um presidente popular, apesar de ter perdido parte da força durante a atual crise decorrente da pandemia. Levantamento recente o coloca em torno de 60% de aprovação popular — número inferior aos 90% que já registrou, mas ainda alto.

    Assim como em 2018, quando se reelegeu com um quarto dos votos, Putin aproveita as vantagens do mandato, incluindo uma imprensa que abre pouco espaço para os debates políticos domésticos e um setor estatal amplo, que encoraja empregados a votarem pela continuidade do atual panorama.

    “Eu votei pelas emendas a nossa Constituição”, disse Mikhail Volkov, morador de Moscou. “Nós precisamos de mudanças radicais e eu estou com elas”.

    Outras pessoas votaram com menos entusiasmo. “Eu não li sobre as emendas, para ser honesta”, disse outra eleitora, Lyudmila. “Qual é o ponto de votar se já está decidido por você? É assim no nosso país — leia algo e vote. Eu votei”.

    Protestos tímidos

    Um pequeno grupo de ativistas realizou um protesto simbólico na Praça Vermelha, encaixando seus corpos no chão para formar a data de 2036, mas foram rapidamente detidos pela polícia, sendo liberados na sequência, segundo informações da TV Rain.

    As redes sociais também foram usadas para protestar. Alguns tiraram fotos de seus votos com a inscrição “Nyet” (“não”, em russo) e outras manifestações semelhantes, como placas com a inscrição “Putin para sempre?” nas cabines de votação. Em suas redes sociais, a DJ e ativista Lola Nordic, de São Petersburgo, publicou que estava votando contra as emendas para tentar impedir e continuidade de Putin no poder.

    (Com informações de Nathan Hodge e Mary Ilyushina, da CNN, e de Andrew Osborn e Anton Zverev, da Reuters)