Rússia já tem 70% dos recursos para invasão na fronteira com Ucrânia, dizem EUA
País continua a adicionar forças na região quase diariamente, segundo estimativas dos Estados Unidos
O presidente russo, Vladimir Putin, já reuniu 70% do pessoal militar e armas nas fronteiras da Ucrânia que ele precisaria para uma invasão em grande escala do país, de acordo com duas autoridades norte-americanas familiarizadas com as estimativas mais recentes.
O número é uma estimativa com base nas últimas avaliações de inteligência, mas as autoridades não especificaram a informação que possuíam ou como desenvolveram suas avaliações, citando a sensibilidade de como coletam os dados.
A avaliação representa o contínuo aumento significativo de forças russas nas fronteiras com a Ucrânia, mas não está claro quanto tempo Putin levaria para aumentar ainda mais esse número, ou se o presidente russo precisaria da plena capacidade para realizar uma invasão.
O custo humano pode ser terrível: algumas avaliações calculam que as baixas civis na Ucrânia podem chegar a dezenas de milhares, com até cinco milhões de refugiados.
Autoridades norte-americanas ainda dizem publicamente e em particular que não sabem se Putin tomou uma decisão final sobre qualquer tipo de ação militar. Mas, nos bastidores, as equipes de segurança e inteligência nacional do presidente Joe Biden estão calculando vários cenários e os possíveis resultados.
Em reuniões secretas a portas fechadas para o Congresso, bem como em coletivas de imprensa públicas, autoridades dos Estados Unidos estão tentando traçar uma imagem dos resultados potencialmente terríveis e do risco que Putin representa.
Há um forte desejo entre as autoridades dos Estados Unidos de explicar ao público porque o destino da Ucrânia pode inaugurar uma era de insegurança e desestabilização econômica que pode se espalhar por todo o mundo.
Na linha de frente, ucranianos se preparam para possível ataque:
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Um soldado ucraniano aponta para um cachorro em uma trincheira da linha de frente. Os cães vivem nessas trincheiras com os soldados e fornecem um alerta precoce contra intrusos • Timothy Fadek/Redux for CNN
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Uma usina de energia é vista na cidade ucraniana de Kramatorsk, não muito longe da linha de frente do conflito • Timothy Fadek/Redux for CNN
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Soldados ucranianos sentam-se na traseira de um caminhão em Slov'yanoserbs'k • Timothy Fadek/Redux for CNN
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Soldados ucranianos vigiam sua posição na trincheira. "Um dos soldados apontou para o horizonte e disse: 'Vê aquele monte? Os terroristas estão atrás daquele monte'", disse o fotógrafo Timothy Fadek. "Eles se referem aos separatistas como terroristas." • Timothy Fadek/Redux for CNN
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Um olhar dentro de uma trincheira ucraniana na linha de frente • Timothy Fadek/Redux for CNN
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Um agricultor em Muratova corta madeira enquanto os membros da família a recolhem para vender a uma base militar ucraniana próxima • Timothy Fadek/Redux for CNN
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Os soldados ucranianos com quem Fadek passou um tempo estavam extremamente relaxados, segundo ele. "Eles abraçaram a inevitabilidade" • Timothy Fadek/Redux for CNN
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Uma mulher vende peixe seco na estrada que leva a Kramatorsk • Timothy Fadek/Redux for CNN
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Um soldado ucraniano ajusta sua máscara de esqui para enfrentar o frio da região • Timothy Fadek/Redux for CNN
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Soldados esperam em seus postos nas linhas de frente • Timothy Fadek/Redux for CNN
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Um soldado caminha com cães em uma trincheira da linha de frente. "Eu estive nas trincheiras muitas vezes antes no verão", contou Fadek. "Esta é a primeira vez que foi no inverno. Como as trincheiras e a paisagem estão cobertas de neve, me lembra as trincheiras da Primeira Guerra Mundial. Miséria fria • Timothy Fadek/Redux for CNN
A Rússia continua a adicionar forças na região quase diariamente, segundo estimativas dos Estados Unidos, e em breve poderá ter o suficiente para iniciar uma operação. Dado tudo o que Putin fez, além de sua retórica pública sobre a Ucrânia e a Otan, as autoridades norte-americanas acreditam que ele poderá tomar uma decisão em breve, e pode ser mais provável que ele avance.
Os funcionários enfatizam constantemente que a inteligência que possuem os leva a fazer essas estimativas, mas são apenas estimativas.
Por exemplo, se Putin lançasse todo o seu poderio militar terrestre e aéreo sobre a capital ucraniana, Kiev, a cidade poderia cair em 48 horas. Eles também calculam que o presidente russso poderia decidir por uma operação multifacetada, enviando forças de várias direções por toda a Ucrânia para quebrar rapidamente a capacidade dos militares ucranianos de lutar como uma força coesa, uma estratégia russa que é um movimento militar clássico.
O Pentágono insinuou abertamente o status de potenciais forças de invasão russas. “Putin continua a adicionar forças, armas combinadas, capacidades ofensivas”, disse o secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby, no início desta semana.
“Ele não mostrou sinais de estar interessado ou disposto a diminuir as tensões”. Putin não tem apenas forças de infantaria e mísseis, mas centenas de aviões de caça e bombardeiros, bem como helicópteros de ataque, à sua disposição.
“Há um potencial que eles podem lançar com muito pouco aviso”, alertou o presidente do Estado-Maior Conjunto, o general Mark Milley, em uma entrevista coletiva em 28 de janeiro, oferecendo uma avaliação brutal.
“Dado o tipo de forças que estão dispostas… se isso fosse desencadeado na Ucrânia, seria significativo, muito significativo, e resultaria em uma quantidade significativa de baixas”, disse Milley. “Você pode imaginar como seria em áreas urbanas densas, ao longo de estradas e assim por diante. Seria horrível. Seria terrível”.
Com base em cálculos meteorológicos disponíveis publicamente, o momento ideal para uma invasão russa seria enquanto há um congelamento do solo, para que equipamentos pesados possam se mover facilmente. Autoridades dos Estados Unidos disseram que Putin entenderia que ele precisa agir até o final de março.