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    Rússia faz operação em estabelecimentos LGBTQIA+ após Justiça “proibir movimento”

    Comunidade que vive na Rússia relata rotina de medo e apreensão

    Ativistas LGBT protestam contra as emendas à Constituição da Rússia e os resultados de uma votação nacional sobre reformas constitucionais, em Moscou15/07/2020REUTERS/Shamil Zhumatov
    Ativistas LGBT protestam contra as emendas à Constituição da Rússia e os resultados de uma votação nacional sobre reformas constitucionais, em Moscou15/07/2020REUTERS/Shamil Zhumatov REUTERS

    Darya Tarasova, Gul Tuysuz e Jen Deatonda CNN

    Na Rússia, a polícia realizou uma operação em estabelecimentos LGBTQIA+, na última sexta-feira (01), depois que o principal tribunal do país proibiu o “movimento internacional LGBT” e rotulou-o como uma organização extremista.

    A operação foi divulgada pelos jornais locais russos.

    A decisão histórica da Suprema Corte enviou uma mensagem de medo à comunidade LGBTQIA+ que vive na Rússia. O grupo enfrenta uma forte repressão nos últimos anos, à medida que o presidente Vladimir Putin busca reforçar sua imagem como defensor dos valores morais tradicionais contra o Ocidente liberal.

    Os ataques ocorreram em pelo menos três estabelecimentos, na capital Moscou, de acordo com os veículos de notícias locais: Ostorozhno Novosti e Sota.

    A polícia disse que trata-se de uma operação de rotina para combater o tráfico de drogas. Ostorozhno Moskva também informou que a polícia fotografou os passaportes das pessoas que estavam nos estabelecimentos.

    “Testemunhas disseram que as forças de segurança entraram nas instalações sob o pretexto de uma operação antidrogas e fotografaram os passaportes dos clientes”, disse. “No meio da festa, eles pararam a música e (a polícia) começaram a entrar nos corredores.”

    O veículo também postou um vídeo de uma testemunha descrevendo uma cena de medo: “Eu estava lá. Eu honestamente (morri de medo) quando a música parou e eles disseram que havia uma batida policial. Eu pensei que eu seria preso por 12 anos. Na saída eles tiraram uma foto do meu passaporte. 300 de nós ficaram nus, apenas com roupas íntimas, esperando que alguém nos trouxesse roupas. Ninguém entendeu o que estava acontecendo.”

    O canal de notícias independente Sota, citando um funcionário da casa noturna Central Station, em Moscou, informou que os ataques aconteceram no Clube Secreto e no Mono Bar, em Moscou, bem como no popular pop-up Hunters Party.

    Sota também informou que o Central Station Club em St. Petersburg anunciou seu fechamento na sexta-feira (01), depois que a administração do clube teve o pedido de aluguel negado devido à “nova lei”.

    Vídeo postado pelos dois meios de comunicação mostram uma van da polícia estacionada fora do que parece ser um dos locais com luzes piscando, mas sem sirenes. Pelo menos duas pessoas que parecem ser policiais podem ser vistas na entrada do local.

    A conhecida blogueira transgênero russa e ativista LGBTQIA+, Milana Petrova – que não vive mais no país – postou sobre as invasões em seu canal Telegram.

    Ela disse que os ataques eram em festas privadas LGBTQIA+.

    “Houve ataques em festas LGBTQIA+ para adultos. Lá, os passaportes das pessoas foram fotografados, aparentemente por mais repressão”, postou Petrova no domingo (03).

    “Deixe-me lembrá-lo que a lei saiu anteontem”, disse Petrova. “Nunca na história do país houve leis tão cruéis”, acrescentou.

    O gerente da popular casa noturna Mono, que atende pelo nome de Alexey Khoroshy, negou relatos de que seu clube foi invadido. Khoroshy disse que apenas o local foi invadido.

    “Ontem aconteceu uma operação contra drogas no Hunters Party. Agora está calmo como antes – estamos trabalhando! E lembre-se que as drogas são más!”, Khoroshy disse.

    No entanto, conversas nas redes sociais mostraram o temor das pessoas.

    “Ninguém mais estará em paz, agora estamos equilibrando entre propaganda e extremismo”, postou uma pessoa nas redes. Outra respondeu: “É perigoso, eu não vou mais.”

    Autoridades russas não se pronunciaram sobre a operação.

    A comunidade LGBTQIA+ da Rússia é alvo de leis que repreendem o grupo.

    No final do ano passado, Putin assinou um projeto de lei que expande a proibição da chamada “propaganda” LGBTQIA+ na Rússia, tornando ilegal para qualquer um promover relações entre pessoas do mesmo sexo ou sugerir que orientações não-heterossexuais são “normais.”

    A proibição foi carimbada por Putin poucos dias depois que uma nova lei de “agentes estrangeiros” entrou em vigor.

    As novas leis ampliam significativamente o escopo de uma lei de 2013 que proibiu a disseminação de informações relacionadas a LGBTQIA+ para menores.

    Agora é ilegal na Rússia promover ou “elogiar” relacionamentos LGBTQIA+, expressar publicamente orientações não-heterossexuais ou sugerir que eles são “normais.”

    Este conteúdo foi criado originalmente em Internacional.

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