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    Rússia faz celebração reduzida do Dia da Vitória; Putin diz que há batalha “sagrada” contra Ocidente

    Em meio ao conflito na Ucrânia, feriado russo mais significativo, que celebra vitória soviética contra Alemanha nazista na Segunda Guerra, teve desfile militar aquém do esperado com apenas um tanque

    CNN

    O presidente russo, Vladimir Putin, liderou um desfile reduzido em celebração do Dia da Vitória, em Moscou, nesta terça-feira (9), repetindo sua falsa afirmação de que o Ocidente desencadeou uma “guerra real” contra a Rússia, apesar da invasão não provocada do Kremlin à Ucrânia.

    Milhares de pessoas lotaram as ruas da Praça Vermelha de Moscou como parte do desfile anual da Rússia, uma exibição de patriotismo que marca o papel da União Soviética na derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

    O Dia da Vitória é o dia mais significativo para o governo russo de Putin, já que ele o usa há muito tempo para obter apoio público, demonstrar o poderio militar do país e protestar contra as injustiças históricas que ele percebe que as nações ocidentais acumularam contra sua nação.

    O líder russo historicamente lidera o desfile militar anual na Praça Vermelha com exibições de equipamentos militares, incluindo tanques, mísseis e outros sistemas de armas, antes de uma cerimônia de colocação de coroas de flores no “túmulo do soldado desconhecido” perto do muro do Kremlin, para homenagear a memória daqueles que pereceram nas batalhas.

    Rússia faz celebração reduzida do Dia da Vitória; Putin diz que há batalha “sagrada” contra Ocidente
    Rússia faz celebração reduzida do Dia da Vitória; Putin diz que há batalha “sagrada” contra Ocidente / Reuters

    Mais de 10 mil pessoas e 125 unidades de vários tipos de armas e equipamentos deveriam ser exibidos no desfile deste ano, segundo o ministro da Defesa, Sergei Shoigu. No ano passado, o ministério anunciou que 11 mil pessoas e 131 tipos de armas estiveram envolvidas na parada militar, com um show aéreo de 77 aeronaves e helicópteros.

    Mas, nesta terça-feira (9), havia apenas um antigo tanque T-34 da era da Segunda Guerra Mundial liderando a coluna mecanizada, enquanto Moscou aparentemente atenuava seu desfile anual.

    Os veículos blindados Tigr-M e VPK-Ural também estiveram em exibição, mas o foco principal foi o sistema de defesa aérea S-400 do país e seu sistema balístico intercontinental – o Yaris.

    O sobrevoo de aeronaves militares tradicional sobre a Praça Vermelha foi cancelado, informou a mídia estatal, sem fornecer uma explicação.

    Rússia faz celebração reduzida do Dia da Vitória; Putin diz que há batalha “sagrada” contra Ocidente
    Rússia faz celebração reduzida do Dia da Vitória; Putin diz que há batalha “sagrada” contra Ocidente / Reuters

    Putin usou o desfile anual do Dia da Vitória para lançar mais um ataque contundente ao Ocidente, acusando-o de manter a Ucrânia refém de seus planos contra os russos.

    “As batalhas resistidas pelo destino de nossa pátria sempre se tornaram patrióticas, nacionais e sagradas”, disse.

    “Uma verdadeira guerra foi desencadeada contra nossa pátria”, acrescentou Putin, alegando falsamente que o Ocidente havia provocado a guerra na Ucrânia.

    “Repelimos o terrorismo internacional e, para isso, defenderemos os residentes de Donbass e garantiremos nossa própria segurança. A Rússia não tem nações hostis no Ocidente ou no Oriente”, acrescentou.

    Rússia faz celebração reduzida do Dia da Vitória; Putin diz que há batalha “sagrada” contra Ocidente
    Rússia faz celebração reduzida do Dia da Vitória; Putin diz que há batalha “sagrada” contra Ocidente / Reuters

    Ele também voltou a fazer comparações entre o conflito na Ucrânia e a luta contra as forças nazistas na Segunda Guerra Mundial, dizendo que a civilização está mais uma vez em um ponto de virada.

    Ao longo de seu breve discurso, Putin elogiou as tropas russas que lutam no que o Kremlin chama de “operação militar especial” na Ucrânia, dizendo que o país está “orgulhoso” de todos que lutam na linha de frente.

    “Não há nada mais importante agora do que o seu trabalho de combate”, disse Putin.

    No entanto, nenhuma menção foi feita às baixas sofridas pelas tropas russas, estimadas em dezenas de milhares.

    Rússia faz celebração reduzida do Dia da Vitória; Putin diz que há batalha “sagrada” contra Ocidente
    Rússia faz celebração reduzida do Dia da Vitória; Putin diz que há batalha “sagrada” contra Ocidente / Reuters

    Relações internacionais tensas

    Líderes mundiais como a ex-chanceler alemã, Angela Merkel, e o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, compareceram ao desfile militar em anos anteriores.

    Mas essas demonstrações de solidariedade desapareceram nos últimos anos, depois que a invasão da Crimeia por Putin, em 2014, e a guerra na Ucrânia romperam os laços diplomáticos.

    Moscou estava sob pressão para fortalecer sua demonstração de defesas e unidade nesta terça-feira, depois que o suposto ataque de drones na semana passada no Kremlin abalou o símbolo mais poderoso da presidência russa.

    Kiev e seus aliados ocidentais trocaram memorandos espinhosos com Moscou depois de acusar a Ucrânia de cumprir ordens dos EUA em uma tentativa de assassinato contra Putin. A Ucrânia e Washington negaram veementemente as acusações.

    A causa das explosões é desconhecida, mas a ótica de um ataque simbólico contra o Kremlin deu a oportunidade de obter apoio dos russos para Putin, enquanto os críticos continuam a se manifestar contra a invasão em grande escala de Moscou.

    Presidente da Rússia, Vladimir Putin, discursa em desfile militar para celebrar o Dia da Vitória, que marca o aniversário do triunfo sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial / 09/05/2023 Sputnik/Gavriil Grigorov/Pool via REUTERS

    Na segunda-feira, o oligarca russo Andrey Kovalev chamou a campanha militar de Moscou de “uma guerra terrível”.

    “O mundo inteiro está contra nós”, disse ele em um discurso em vídeo posteriormente compartilhado no Telegram.

    Ao mesmo tempo, relações tensas entre altos funcionários russos explodiram em uma demonstração pública de desunião na última quinta-feira, depois que o chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, ameaçou retirar suas forças da cidade de Bakhmut devido ao apoio insuficiente do Kremlin.

    Prigozhin pareceu recuar em seus comentários no domingo, mas a explosão acalorada indicou falta de moral enquanto as forças russas lutam para romper o principal campo de batalha no leste da Ucrânia – antes de uma esperada ofensiva de primavera de Kiev, no sul.

    “O mal voltou”

    O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, comparou a Rússia à Alemanha nazista quando propôs mudar as comemorações do Dia da Vitória para um dia antes em um projeto de lei apresentado aos legisladores, em um esforço para distanciar Kiev das comemorações do Kremlin.

    Como a Rússia, a Ucrânia tradicionalmente comemora a vitória sobre os nazistas em 9 de maio, mas essa data tornou-se cada vez mais associada a um desfile em Moscou.

    “É no dia 8 de maio que a maioria das nações do mundo se lembra da grandeza da vitória sobre os nazistas”, disse Zelensky na segunda-feira.

    * Reportagem por Sana Noor Haq, Matthew Chance, Anna Chernova, Vasco Cotovio, Zahid Mahmood, Gawon Bae, Katharina Krebs e Radina Gigova, da CNN

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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