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    Rússia diz que EUA “brincam com fogo” em “guerra indireta” com Moscou

    Importante diplomata russo disse que situação pode sair do controle

    Da Reuters

    Um importante diplomata russo disse nesta sexta-feira (17) que os Estados Unidos há muito tempo entraram em um estado de guerra indireta com Moscou e estão brincando com fogo em relação à Ucrânia, comportando-se de tal forma que a situação poderia ficar fora de controle.

    Os comentários do vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, em uma entrevista à agência de notícias estatal TASS, refletem a crescente preocupação russa com o que Moscou considera uma perigosa escalada ocidental na Ucrânia, à medida que as forças russas avançam em vários lugares.

    “Nós alertamos que eles estão brincando com fogo. Há muito tempo eles estão em um estado de guerra indireta com a Federação Russa”, disse Ryabkov à TASS, referindo-se aos Estados Unidos.

    “De alguma forma, eles não conseguem perceber que, para satisfazer suas próprias ideias geopolíticas, estão se aproximando de uma fase em que será muito difícil controlar o que está acontecendo e evitar uma crise dramática.”

    A Ucrânia e o Ocidente acusam a Rússia de travar uma guerra de agressão não provocada na Ucrânia com o objetivo de tomar terras. Moscou afirma que o que chama de “operação militar especial”, lançada em fevereiro de 2022, é defensiva e tem como objetivo reforçar a segurança russa contra um Ocidente hostil.

    A Rússia interpretou os comentários recentes de diplomatas ocidentais como uma mudança agressiva de posição e o Ministério da Defesa russo disse este mês que o presidente russo, Vladimir Putin, havia ordenado exercícios para ensaiar o uso de armas nucleares táticas no que as autoridades disseram ser uma resposta à retórica ocidental.

    O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, durante uma visita a Kiev em 3 de maio, disse que a Ucrânia tem o direito de usar as armas fornecidas pelo Reino Unido para atingir alvos dentro da Rússia, e que cabia a Kiev decidir se o faria ou não.

    O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, fez comentários semelhantes sobre as armas fornecidas pelos Estados Unidos durante uma visita a Kiev na quarta-feira (8), onde acusou Putin de “intensificar mais uma ofensiva contra a Ucrânia” no leste do país.

    Blinken disse que Washington “não incentivou ou permitiu ataques fora da Ucrânia, mas, em última análise, a Ucrânia tem que tomar decisões por si mesma sobre como vai conduzir essa guerra”.

    A Ucrânia tem como alvo alvos militares e de energia em toda a Rússia, que está bombardeando alvos dentro da Ucrânia em ataques que mataram milhares de civis, para tentar degradar as capacidades militares de Moscou.

    As medidas dos EUA e da União Europeia para analisar a possibilidade de usar os ativos russos congelados ou os lucros sobre eles para ajudar a Ucrânia também irritaram Moscou. A Rússia acusa Washington de tentar intimidar os países europeus para que tomem medidas mais radicais.

    Ryabkov disse à TASS que Washington parecia não se dar conta dos graves riscos associados ao seu comportamento.

    “Essa retórica, essa insistência, essa constante provocação de seus aliados para que ajudem ainda mais a Ucrânia, para que ampliem seu apoio, mostra apenas uma coisa: as pessoas estão vivendo, como elas mesmas dizem, ‘em uma caixa'”, disse ele.

    “Esse é o grande risco da situação atual, porque é impossível chegar até eles (os norte-americanos).”

    Ryabkov reclamou que o Ocidente adotou uma postura de incerteza estratégica e ambiguidade em relação à Rússia, tentando fazer com que seja difícil para Moscou prever como a a aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) reagirá em várias situações, inclusive com armas nucleares.

    “A Rússia deixará de lado o tema das ‘linhas vermelhas’ e responderá ao Ocidente de forma espelhada”, disse Ryabkov.

    A diplomacia russa com o Ocidente está agora no modo de gerenciamento de crise e está focada em tentar garantir que as tensões não se transformassem em um conflito de grande escala, acrescentou.

     

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