Rússia diz que ajuda militar à Venezuela não será usada para atacar Colômbia
Colômbia acusa Nicolás Maduro de abrigar dissidentes das FARC que rejeitam um acordo de paz de 2016, o que é negado pelo presidente venezuelano
A Rússia prometeu que o equipamento militar dado à Venezuela não será usado para atacar a Colômbia, desestabilizar a América Latina ou que vai acabar nas mãos de grupos armados ilegais, disse a ministra das Relações Exteriores e vice-presidente da Colômbia, Marta Lucia Ramirez.
“Precisamos que não haja o menor risco de que a cooperação militar que existe entre a Rússia e a Venezuela, há muito tempo, possa eventualmente, por descuido ou qualquer motivo, levar qualquer equipamento militar russo às mãos de grupos armados ilegais que estão presentes na fronteira”, disse Ramirez a jornalistas na noite de segunda-feira (8), após uma reunião com o embaixador russo Nikolay Tavdumadze e outras autoridades.
“O embaixador russo nos expressou que nenhuma cooperação militar da Rússia com a Venezuela jamais será usada para qualquer ação militar contra a Colômbia, nem qualquer país da América Latina, nem para afetar a estabilidade da região”, acrescentou.
O ministro da Defesa da Colômbia, Diego Molano, disse na semana passada que a Venezuela estava movendo tropas para a fronteira dos países com assistência técnica da Rússia e do Irã, chamando o possível deslocamento de “interferência estrangeira”.
Molano, citando fontes de inteligência, disse que houve movimentos de tropas em frente à província colombiana de Arauca, que tem presenciado combates ferozes entre guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) e ex-rebeldes das FARC pelo controle do tráfico de drogas.
Autoridades colombianas na reunião entre Ramirez e Tavdumadze, incluindo Molano, pediram à Rússia que garanta que os acordos de uso final de armas sejam cumpridos, para que não possam ser usados por terceiros, disse o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia em comunicado.
Tavdumadze, também falando após a reunião, disse que a situação foi resolvida e as conversas continuarão pelos canais diplomáticos.
O governo colombiano acusa o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de abrigar dissidentes das FARC que rejeitam um acordo de paz de 2016, bem como o ELN, algo que ele negou repetidamente.
A província de Arauca está enfrentando uma onda de violência crescente, com pelo menos 24 pessoas mortas recentemente em confrontos e um carro-bomba.