Rússia detém ex-jornalista acusado de passar segredos ao Ocidente
Ivan Safronov, que cobriu assuntos militares para dois jornais de circulação nacional, pode passar até duas décadas na prisão se for condenado


Forças de segurança da Rússia detiveram nesta terça-feira um ex-jornalista que trabalha como assessor do chefe da agência espacial russa, que o acusou de traição dizendo que ele passou segredos militares a uma potência não relevada da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Filmagens divulgadas pelo serviço de segurança FSB mostraram Ivan Safronov sendo detido por agentes armados que o revistaram antes de colocá-lo em uma van diante de seu apartamento de Moscou.
Mais tarde se ouve Safronov gritar “eu não sou culpado” enquanto agentes mascarados o levam diante de repórteres a uma audiência em um tribunal, que foi fechada ao público e que deveria determinar os termos de sua custódia.
Safronov, que cobriu assuntos militares para dois jornais de circulação nacional, pode passar até duas décadas na prisão se for condenado. Acredita-se que seu julgamento ocorrerá a portas fechadas devido à sensibilidade do processo.
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É a primeira vez em quase duas décadas que um jornalista é acusado de traição na Rússia, disse Ivan Pavlov, um advogado proeminente.
Sua detenção provocou o temor de uma nova onda de repressão contra jornalistas, e a redação do Kommersant, um dos jornais em que ele trabalhou, disse em uma editorial que as alegações parecem absurdas porque ele é um verdadeiro patriota.
Alguns dos ex-colegas jornalistas de Safronov protestaram diante da sede do FSB e depois foram detidos. O FSB acusou Safronov de trabalhar para um serviço de inteligência estrangeiro não identificado.
A agência espacial disse que Safronov não tinha acesso a segredos e que o caso não tem relação com seu trabalho ali.
(Reportagem adicional de Alexander Marrow, Maxim Rodionov, Anton Zverev e Alexander Reshetnikov, da Reuters)