Rússia condena possibilidade de envio de armas nucleares à Ucrânia
Reação veio após jornal americano sugerir que Joe Biden considera fornecer armamento ao país
A discussão de países ocidentais sobre fornecer armas nucleares à Ucrânia é “absolutamente irresponsável”, exclamou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta terça-feira (26), em resposta a uma reportagem do jornal New York Times, citando autoridades não identificadas que sugeriram tal possibilidade.
O New York Times noticiou na semana passada que alguns oficiais, não identificados, sugeriram que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, poderia dar armas nucleares à Ucrânia antes de deixar o cargo.
“Várias autoridades até sugeriram que Biden poderia devolver armas nucleares à Ucrânia, que foram tiradas do país após a queda da União Soviética. Mas tal passo teria implicações sérias”, escreveu o jornal.
Questionado sobre o relatório, Peskov disse aos repórteres: “Esses são argumentos absolutamente irresponsáveis de pessoas que têm uma compreensão pobre da realidade e que não sentem um pingo de responsabilidade ao fazer tais declarações. Também observamos que todas essas declarações são anônimas”.
Anteriormente, o oficial sênior da segurança russa, Dmitry Medvedev, declarou que se o Ocidente fornecesse armas nucleares aos ucranianos, Moscou poderia considerar o ato como um ataque à Rússia, fornecendo bases para uma resposta nuclear.
A Ucrânia herdou armas nucleares da União Soviética após seu colapso em 1991, mas as entregou sob um acordo de 1994, o Memorando de Budapeste, em troca de garantias de segurança da Rússia, dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, falou no mês passado que, como a Ucrânia havia entregue as armas nucleares, juntar-se à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) era a única maneira de deter a Rússia.
A guerra de 33 meses entre Rússia e Ucrânia viu escaladas em ambos os lados na semana passada, depois que os ucranianos dispararam mísseis americanos e britânicos contra os russos pela primeira vez, com permissão do Ocidente, e Moscou respondeu lançando um novo míssil hipersônico de alcance intermediário.
Questionado sobre o risco de uma escalada nuclear, Peskov alegou que o Ocidente deveria “ouvir com atenção” Putin e ler a doutrina nuclear recentemente atualizada da Rússia, que reduziu o limite para o uso de armas nucleares.
Separadamente, o chefe da inteligência estrangeira russa, Sergei Naryshkin, afirmou que Moscou se opõe a simplesmente congelar o conflito na Ucrânia porque precisa de uma “paz sólida e de longo prazo” que resolva as principais razões da crise.
