Rússia, China e Afeganistão: Biden fala sobre relações dos EUA em discurso
Em primeiro discurso ao Congresso, presidente dos EUA voltou a falar no fim da Guerra do Afeganistão
Em seu primeiro discurso ao Congresso dos Estados Unidos, Biden falou sobre a postura que o governo norte-americano já assume na política externa, como a retirada de tropas do Afeganistão e a relação do país com a Rússia e a China.
De acordo com o democrata, existe a possibilidade de cooperação com a Rússia em temas consonantes, como a crise climática. Apesar disso, Biden afirmou que as ações russas “têm consequências”, referindo-se às informações divulgadas pela inteligência norte-americana, que apontam interferência de Moscou nas eleições de 2020.
Biden também reservou parte do discurso para enviar um recado à China, cujas práticas comerciais foram descritas pelo presidente como “desleais”: “Os Estados Unidos enfrentarão práticas comerciais injustas, que prejudicam trabalhadores e indústrias americanas, como subsídios para empresas estatais e o roubo de tecnologias e propriedade intelectual americanas”, afirmou.
Ainda sobre a China, o democrata disse que pretende manter “uma forte presença militar no Indo-Pacífico, assim como fazemos com a Otan na Europa. Não para iniciar o conflito, mas para prevenir o conflito”.
Ao falar sobre o seu conceito de “liderança americana”, Joe Biden voltou a dizer que o país vai encerrar a Guerra do Afeganistão: “a liderança americana significa que vamos encerrar a guerra no Afeganistão. Eu tive um filho que serviu numa zona de guerra e hoje temos soldados servindo em locais onde os pais deles serviram, temos soldados que não tinham nascido no 11 de setembro”, disse.
Política externa em 100 dias de governo
Embora a relação EUA-China tenha sido uma questão importante durante a campanha, Biden se concentrou em três outras nações desde que assumiu o cargo: Afeganistão, Irã e Rússia.
Duas décadas depois que os EUA iniciaram aquela que se tornaria a guerra mais longa do país, Biden se comprometeu a retirar as tropas do Afeganistão antes de 11 de setembro, data do 20º aniversário dos ataques terroristas de 2001 no World Trade Center em Nova York e no Pentágono, nos arredores de Washington.
Biden disse que a retirada começará em 1º de maio, em linha com um acordo feito com o Talibã durante o governo Trump. Algumas tropas norte-americanas permanecerão no Afeganistão para proteger os diplomatas do país, mas o número preciso das tropas restantes não foi divulgado. Os esforços humanitários e diplomáticos dos EUA continuarão no Afeganistão e os EUA seguirão apoiando os esforços de paz entre o governo afegão e o Talibã, segundo Biden.
O presidente também agiu para salvar o acordo nuclear EUA-Irã estabelecido em 2015 sob o presidente Barack Obama, que foi abandonado pelo governo Trump em 2018.
Os EUA e o Irã retomaram negociações em Viena em abril, embora as delegações dos dois países não tenham interagido diretamente, mas trocado opiniões por meio de autoridades das potências globais que ainda fazem parte do acordo. Um funcionário do Departamento de Estado enfatizou no início deste mês que as conversas em Viena foram “apenas o primeiro passo desta primeira fase de um possível retorno ao” acordo nuclear.
Por fim, o governo Biden emitiu sanções abrangentes e expulsões de diplomatas russos em resposta à interferência de Moscou nas eleições norte-americanas de 2020, o ataque cibernético da SolarWinds e a ocupação contínua e “graves abusos de direitos” na Crimeia.
Os EUA apontaram o Serviço de Inteligência Estrangeiro Russo como o grupo por trás do hack da SolarWinds. A Casa Branca também disse que está expulsando dez diplomatas russos de Washington, incluindo “representantes dos serviços de inteligência russos”, pelo invação cibernética e a intromissão nas eleições.
O governo Biden também proibiu as instituições financeiras dos EUA de participarem no mercado primário de títulos emitidos pelo banco central da Rússia e outras instituições financeiras importantes. Dois dias antes de emitir as sanções, Biden conversou com o presidente russo, Vladimir Putin, e propôs uma cúpula entre os dois países ainda este ano.
(Com informações de Maegan Vazquez, Kate Sullivan, Tami Luhby e Katie Lobosco, da CNN, nos EUA)