Rússia acusa EUA de chantagem após Casa Branca ameaçar China com sanções
Kremlin reage às declarações de secretária do Tesouro dos EUA, que denuncia envio de ajuda militar à Rússia por parte de Pequim
O Kremlin descreveu na quarta-feira os comentários da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, de que Washington não toleraria que a China aumentasse as suas exportações de bens de “dupla utilização” para a Rússia e responderia com sanções, como “chantagem”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o tom de Washington era completamente inaceitável e que Moscou era solidária com Pequim.
“Estamos bem cientes de que os nossos camaradas chineses não aceitam tal linguagem, não aceitam tais mensagens e tais ameaças, tais chantagens”, disse Peskov aos repórteres.
Os Estados Unidos afirmam que, ao fornecer bens de dupla utilização – que têm aplicações civis e militares – a China está impulsionando o esforço de guerra da Rússia na Ucrânia.
“A China é o principal fornecedor de ferramentas e maquinário usados em microeletrônica e nitrocelulose, que são fundamentais para a fabricação de munições e propulsores de foguetes, e outros itens de dupla utilização que Moscou está usando para aumentar sua base industrial de defesa”, disse o secretário de Estado Antony Blinken durante uma visita a Pequim em abril.
Yellen disse na terça-feira (4) que o Tesouro dos EUA viu um aumento nas exportações chinesas de bens de dupla utilização e estava muito preocupado com isso.
“Fui extremamente clara aos mais altos níveis do governo chinês que isto é algo que não toleraremos e que pretendemos sancionar esta atividade”, disse Yellen.
Peskov disse que o poder econômico da China no mundo é tal que “mesmo os Estados Unidos dificilmente se podem dar ao luxo de falar nesse tom. Talvez nem todos na liderança da América tenham compreendido isto neste momento, mas com o tempo irão compreender”.
“Sabemos com certeza que os chineses não gostam disso, e somos solidários e consideramos tal tom, tais ameaças, inapropriadas”, afirmou.
A Rússia e a China impulsionaram fortemente o comércio bilateral desde o início da guerra na Ucrânia, à medida que o comércio da Rússia com o Ocidente foi dizimado por uma ondas de sanções. O comércio bilateral atingiu US$ 240,1 bilhões em 2023, um aumento de 26% em relação ao ano anterior.