Reunião do G20 não terá comunicado final, sinalizando dificuldades de consenso no grupo
Documento é praxe em reuniões diplomáticas, mas presidência brasileira o eliminou para evitar desgastes entre os participantes do bloco
A reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, que acontece nesta quarta e quinta-feira (21 e 22), no Rio de Janeiro, não terá um comunicado final.
A informação foi confirmada à CNN por um alto diplomata do Itamaraty, reconhecendo que o motivo é a altíssima probabilidade de os países não chegarem a um consenso sobre o texto final.
Tradicionalmente, as reuniões diplomáticas de alto nível acabam com a publicação de um documento final, resumindo todas as decisões tomadas pelas partes e indicando caminhos futuros para resolução de problemas globais.
A radical discrepância de opiniões entre os membros do grupo das 20 maiores economias do mundo já causou problemas durante as duas últimas presidências do bloco, em 2022, na Indonésia, e em 2023, na Índia.
Divergências sobre conflitos como a guerra na Ucrânia e posições em relação à governança global foram responsáveis pelas reuniões de chanceleres e ministros da Economia, em 2023, terem acabado sem o texto final –embora a presidência indiana tenha tentado manter a praxe.
A falta dos documentos, em 2023, levou a um desgaste entre os países membros e criou a especulação de que até mesmo a cúpula dos chefes de Estado acabasse sem texto final, e, portanto, sem possibilidade de um consenso mínimo.
Na última hora, a Índia conseguiu atingir um consenso, enfraquecendo muito a declaração final, mas salvando a cúpula.
Para evitar esse tipo de desgaste, o Itamaraty já decidiu abolir as declarações finais nos encontros dos ministros. O formato do G20 dá muita liberdade para que o país que o preside tome esse tipo de decisão.
Um diplomata reconhece que “é muito difícil conseguir um consenso para pautas globais em poucos dias de reunião”.
Por isso, a intenção do governo brasileiro é trabalhar ao longo do ano, focando todos os esforços para a cúpula entre chefes de Estado e de governo, em novembro de 2024, no Rio de Janeiro.
A esperança do Itamaraty é que, aos saberem de antemão que não precisam concordar com textos nas reuniões ministeriais, os países possam trabalhar para diminuir as diferenças ao longo do ano e conseguir um sucesso na cúpula.