Relações Exteriores: não há ‘autonomia e altivez’ em ignorar dor de venezuelanos
Ernesto Araújo responde a Rodrigo Maia, que ontem criticou visita do ministro e do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, a local de acolhimento
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que o povo brasileiro é solidário com os povos vizinhos, referindo-se aos venezuelanos. A nota da pasta é uma resposta ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que na sexta-feira (18) criticou a visita de Araújo e do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, a um local próximo à fronteira com a Venezuela.
Segundo Maia, a medida não condiz com a “boa prática diplomática” e afronta a herança de autonomia da política externa e de defesa do Brasil. Para o presidente da Câmara, a presença de Pompeo em instalações de operação de acolhimento a migrantes venezuelanos em Roraima afronta a herança da diplomacia brasileira de “altivez” e convívio pacífico com os países vizinhos.
“O teor da nota do Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Rodrigo Maia, ao criticar a visita feita pelo Secretário de Estado dos EUA, em minha companhia, às instalações da Operação Acolhida em Boa Vista no dia 18/9, baseia-se em informações insuficientes e em interpretações equivocadas”, diz a nota.
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Segundo o ministro, o povo brasileiro preza pela sua própria segurança, e “a persistência na Venezuela de um regime aliado ao narcotráfico, terrorismo e crime organizado ameaça permanentemente essa segurança”. No entanto, não há “autonomia e altivez” em ignorar o sofrimento do povo venezuelano.
Araújo lembra ainda que os Estados Unidos já tinham doado US$ 50 milhões para a Operação Acolhida e que, ontem, Pompeo anunciou mais US$ 30 milhões. Por sua vez, o governo brasileiro já dispendeu US$ 400 milhões com a mesma iniciativa.
“Absolutamente nada no posicionamento do Brasil contra a ditadura de Maduro e em favor de uma Venezuela livre fere qualquer dos princípios do Artigo 4° da Constituição. Muito pelo contrário, nossa atuação descumpriria a Constituição se fechássemos os olhos à tragédia venezuelana”, diz a nota.
O ministro completa que “buscar a paz não significa acovardar-se diante de tiranos e criminosos. A independência nacional não significa rejeitar parcerias que nos ajudem a defender nossos interesses mais urgentes e nossos valores mais caros. Promover a integração latino-americana não significa facilitar a integração dos cartéis da droga.”