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    Reino Unido enviará força naval para as águas tensas do Mar da China Meridional

    Ministério da Defesa diz que país visa papel mais profundo de segurança na região com exercícios planejados; flotilha naval partirá em maio e visitará 40 países

    Brad Lendon, CNN

    A maior flotilha naval montada pela Grã-Bretanha nos últimos anos partirá em maio para uma longa viagem de meses pelo Pacífico, disse o Ministério da Defesa do país nesta segunda-feira (27).

    “Quando nosso Carrier Strike Group (CSG) zarpar no próximo mês, estará hasteando a bandeira da Grã-Bretanha Global – projetando nossa influência, sinalizando nosso poder, interagindo com os nossos amigos e reafirmando nosso compromisso em enfrentar os desafios de segurança de hoje e de amanhã”, disse o secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace.

    “O Reino Unido não está recuando, mas navegando adiante para desempenhar um papel ativo na formação do sistema internacional do século 21”, disse Wallace. O grupo será liderado pelo porta-aviões HMS Queen Elizabeth, marcando sua implantação inaugural. O navio, um dos dois porta-aviões do Reino Unido, é o maior navio de guerra que o país já enviou ao mar.

    Se juntarão ao porta-aviões, dois destroieres, duas fragatas antissubmarino, um submarino e dois navios auxiliares de abastecimento, disse o comunicado da Defesa. Um destruidor de mísseis guiados da Marinha dos Estados Unidos navegará com o grupo, bem como uma fragata da Holanda, que será encarregada de defesa aérea, explicou o Ministério.

    O poder aéreo dentro do grupo estará centrado nos caças stealth RAF F-35B e nos Fuzileiros Navais dos Estados Unidos F-35Bs – todos voarão do convés do porta-aviões de 65.000 toneladas.

    Quando uma versão desse grupo de ataque navegou junto durante exercícios militares na costa da Escócia, no último outono, o Ministério da Defesa disse que transportava “a maior concentração de aviões de combate para operar no mar de um porta-aviões da Marinha Real desde o HMS Hermes em 1983”.

    A Defesa também disse que era “o maior grupo aéreo de caças de quinta geração no mar em qualquer lugar do mundo”. Os caças de quinta geração são os aviões de guerra mais avançados.

    O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos afirma que o Carrier Strike Group do Reino Unido “será a mais capacitada flotilha implantada por uma única marinha europeia nos últimos anos”.

    “Embora não vá replicar um grupo de ataque de porta-aviões da Marinha dos Estados Unidos, provavelmente estará mais perto dele do que qualquer outra coisa que seja atualmente destacada” por qualquer outra força naval, disse o Instituto.

    Em março, a Grã-Bretanha divulgou uma ampla revisão de sua política militar e externa, na qual reconheceu uma tendência em direção ao Indo-Pacífico na próxima década.

    No anúncio do Carrier Strike Group nesta segunda, o Ministério da Defesa disse que a implantação visa um papel mais profundo de segurança do Reino Unido na região, com exercícios planejados ao lado da Índia, Japão e Coreia do Sul, bem como as forças dos EUA na região.

    Isso também destacará uma das relações de segurança mais antigas da Grã-Bretanha, o Acordo de Defesa das Cinco Potências entre Malásia, Singapura, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido. O exercício Bersama Lima marcará o 50º aniversário do pacto, informou o Ministério da Defesa.

    Como parte da viagem ao Pacífico, o grupo visitará 40 países, disse o Ministério da Defesa do Reino Unido. A viagem, na qual o grupo de ataque vai atravessar o Mar Mediterrâneo e o Oceano Índico a caminho do Pacífico, cobrirá quase 30 mil milhas (48.280 quilômetros), disse o ministério.

    Região de águas tensas

    A Grã-Bretanha não divulgou a rota exata do grupo de ataque no Indo-Pacífico, mas uma visita planejada a Singapura colocará o grupo na porta de entrada do Mar da China Meridional, e atravessar a hidrovia seria a rota mais óbvia e direta para as paradas no Japão e na Coreia do Sul.

    A China reivindica quase toda a área de 1,3 milhão de milhas quadradas como seu território soberano e denunciou a presença de navios de guerra estrangeiros como a raiz das tensões na região.

    Quando questionado, em março, sobre a implantação britânica e também sobre a atividade militar francesa no Mar da China Meridional, o Ministério da Defesa da China disse que Pequim “se opõe firmemente a qualquer país que interfira nos assuntos regionais sob o pretexto de ‘liberdade de navegação’ e prejudique os interesses comuns dos países da região”.

    O grupo de porta-aviões do Reino Unido também deve passar no leste de Taiwan, a ilha autônoma que a China também reivindica como parte de seu território e ao redor da qual Pequim tem aumentado seus deslocamentos navais e aéreos nos últimos meses.

    Em sua revisão de defesa, o governo britânico destacou os desafios apresentados pela China. “O poder crescente da China e sua assertividade internacional provavelmente serão o fator geopolítico mais significativo da década de 2020”, diz o comunicado, descrevendo Pequim como “a maior ameaça estatal à segurança econômica do Reino Unido”.

    A revisão da defesa diz que a Grã-Bretanha planeja aumentar sua presença militar em todo o mundo. 

    “A implantação mais significativa desse tipo em um quarto de século, é uma demonstração visível do ressurgimento da Royal Navy após décadas de contração”, declarou o Comodoro Steve Moorhouse, comandante do grupo de ataque.

    “À medida que nossa nação redefine seu lugar no mundo pós-Brexit, isso é a personificação natural da agenda do governo ‘Grã-Bretanha Global’. E em um cenário de crescente instabilidade e competição, isso reflete o compromisso contínuo do Reino Unido com a segurança global”, disse Moorhouse.

    O Japão deu as boas-vindas ao anúncio do Reino Unido, dizendo que a visita do grupo elevará o relacionamento de longa data entre Tóquio e Londres a um “novo nível”.

    O país também disse que a implantação demonstra “o compromisso do Reino Unido e a colaboração Japão-Reino Unido para defender e reforçar um ‘Indo-Pacífico Livre e Aberto’ no domínio da segurança e defesa”, diz um comunicado do Ministério da Defesa japonês.

    (Esse texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)

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