Rei Charles reconhece passado “doloroso” ao abrir a cúpula da Commonwealth
Encontro reúne líderes de governo dos 56 países da aliança
O Rei Charles da Grã-Bretanha disse que a Commonwealth deveria reconhecer sua história “dolorosa” e pediu à organização que “corrigisse as desigualdades que perduram” ao abrir uma reunião de países da Commonwealth em Samoa nesta sexta-feira (25).
A Commonwealth é uma aliança de 56 países soberanos formada pelo Reino Unido e por antigas colônias que escolheram manter laços de cooperação entre si, reconhecendo o monarca britânico como símbolo da associação.
“Eu entendo, ao ouvir as pessoas em toda a Commonwealth, como os aspectos mais dolorosos do nosso passado continuam a ressoar. É vital, portanto, que entendamos nossa história, para nos guiar a fazer as escolhas certas no futuro”, disse Charles em seu primeiro discurso como chefe da Commonwealth.
“À medida que olhamos ao redor do mundo e consideramos seus muitos desafios profundamente preocupantes, vamos escolher dentro de nossa família da Commonwealth a linguagem da comunidade e do respeito, e rejeitar a linguagem da divisão”, disse ele no discurso após o assunto das reparações da escravidão ressurgir nos últimos dias.
Charles, que não se referiu diretamente à escravidão durante seu discurso, também disse: “Nenhum de nós pode mudar o passado, mas podemos nos comprometer de todo o coração a aprender suas lições e a encontrar maneiras criativas de corrigir as desigualdades que perduram”.
A Reunião dos Chefes de Governo da Commonwealth, ou CHOGM, é realizada a cada dois anos e reúne delegações dos Estados-membros com o objetivo de trabalharem juntos para tentar resolver alguns dos problemas mais urgentes do mundo, como as mudanças climáticas, criando oportunidades para os jovens e promovendo prosperidade inclusiva e sustentável para todos.
Charles estava se dirigindo aos líderes da Commonwealth, ministros das Relações Exteriores e dignitários durante a cerimônia de boas-vindas nesta sexta-feira.
Antes da reunião, a BBC relatou que os diplomatas estavam preparando o texto para o comunicado oficial da cúpula que se comprometeria com uma “conversa significativa, verdadeira e respeitosa” sobre o assunto.
Nos últimos anos, a monarquia britânica adotou um tom mais conciliatório ao abordar os horrores passados da escravidão transatlântica. No Quênia, em novembro passado, sua primeira viagem a uma nação da Commonwealth como chefe do órgão, Charles disse que os “erros do passado são uma causa da maior tristeza e do mais profundo arrependimento”.