Recompensa oferecida por EUA sobre Maduro não é habitual, diz diplomata
Recompensa seria para obter informações sobre suposto envolvimento de Nicolás Maduro com narcotráfico em solo americano

Quando saiu a notícia de que os Estados Unidos anunciaram recompensa para obter informações sobre suposto envolvimento de Nicolás Maduro com narcotráfico em solo americano, logo veio à cabeça de diplomatas brasileiros, com quem a CNN conversou, a imagem dos “caçadores de recompensa”, que no passado eram característicos do oeste americano.
No caso do venezuelano Maduro, não há fotos de faroeste espalhadas com o rosto dele para captura, mas uma decisão do governo de Donald Trump de pagar US$15 milhões por qualquer informação que permita a prisão do presidente venezuelano, acusado de “narcoterrorismo” pela Justiça americana. O alvo é ele, mas a recompensa seria paga pela informação.
O ex-secretario-geral do Itamaraty, ex-embaixador brasileiro na Argentina e França, Marcos Azambuja, lembra que Maduro passa por um processo de desmoralização e que hoje foi dado um passo adicional.
“Não é um procedimento habitual de se tratar do assunto. Não lembro disso na vida internacional pública”, afirmou o diplomata sobre uma nação oferecer recompensa contra o chefe de governo de outro país.
Azambuja disse que a referência mais próxima desse fato com outro acontecimento internacional foi a prisão do general e ditador panamenho Manuel Noriega. Em 1985, os Estados Unidos invadiram o Panamá para capturar Noriega, que comandava as Forças de Defesa da República daquele país. Ele também foi acusado de tráfico de drogas. A operação, que culminou na prisão de Noriega, ficou conhecida como Just Cause (Justa Causa) no comando militar dos Estados Unidos.
Na avaliação do ex-presidente do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais Paulo Roberto de Almeida, o ex-conselheiro de segurança nacional dos EUA John Bolton não conseguiu desestabilizar a ditadura chavista pela “ajuda humanitária forçada”, quando os americanos tentaram avançar sobre a Venezuela sob a alegação de que levariam itens de primeira necessidade, como alimentos e remédios.

“Agora Trump tenta pela via do estímulo financeiro. Não vai funcionar o estrangulamento financeiro enquanto Rússia e China apoiarem o Maduro”, analisa.