Questão do orçamento é vital para a França, diz especialista à CNN
Presidente francês busca equilíbrio entre manutenção do estado de bem-estar social e disciplina fiscal, enfrentando pressões de extrema direita e esquerda
O presidente da França, Emmanuel Macron, enfrenta um cenário político delicado após a renúncia do primeiro-ministro. O foco central das atenções recai sobre a questão orçamentária, considerada vital para o futuro do país.
Segundo o professor Leonardo Trevisan, especialista em Relações Internacionais da ESPM, a discussão sobre o orçamento francês está intrinsecamente ligada à manutenção do estado de bem-estar social.
“A questão do orçamento é a questão vital para a França. Embutido nisso está uma discussão sobre se a França vai manter o seu estado de bem-estar social ou não”, afirmou Trevisan em entrevista ao CNN 360° desta quinta-feira (5).
Pressões políticas e desafios econômicos
Macron enfrenta pressões tanto da extrema-direita quanto da esquerda, que buscam “encostar” o presidente contra a parede neste ponto crítico.
O líder francês considera aumentar impostos e realizar cortes em outras áreas do orçamento para gerar recursos e manter o apoio social, numa tentativa de preservar sua base eleitoral.
O cenário econômico da França apresenta desafios significativos. O país possui atualmente o maior déficit fiscal no contexto europeu, chegando a 6% do PIB, além de uma dívida interna que se aproxima dos níveis da Itália, atingindo 122% do PIB.
Novo orçamento e objetivos governamentais
Em seu pronunciamento, Macron anunciou que o governo irá preparar um novo orçamento no início do ano. O objetivo é proteger a população da inflação e do aumento de impostos, ao mesmo tempo, em que busca viabilizar mais gastos e investimentos, incluindo o fortalecimento das forças armadas.
A situação é delicada, pois tanto a extrema-direita quanto a extrema-esquerda veem na questão orçamentária uma oportunidade de enfraquecer Macron politicamente.
“Se encostar Macron na parede, nesse ponto, ele vai perder a próxima eleição”, alertou o professor Trevisan, destacando a importância estratégica deste momento para o futuro político do presidente francês.