Quênia proíbe protestos no centro de Nairóbi e culpa infiltração criminosa
Governo amplia presença das forças de segurança na capital; manifestantes convocam acampamento permanente
O governo do Quênia intensificou nesta quinta-feira (18) o seu apelo para que os protestos que já duram semanas parem, enquanto a polícia proibia as manifestações no coração da capital, Nairóbi, dizendo que o movimento tinha sido infiltrado por gangues criminosas.
Alguns ativistas apelaram a que as pessoas se reunissem nesta quinta-feira com equipamento de campismo para “ocupar” o Parque Uhuru, adjacente ao centro da cidade, no meio de uma forte presença policial em Nairóbi.
Pelo menos 50 pessoas foram mortas nos protestos liderados por jovens contra propostas de aumentos de impostos que eclodiram em todo o Quênia há um mês e continuaram mesmo depois de o Presidente William Ruto ter retirado a legislação e demitido quase todo o seu gabinete.
Os ativistas dizem que querem que Ruto se demita e apelam a reformas para eliminar a corrupção e resolver a má governança.
O país perdeu aproximadamente 6 mil milhões de xelins quenianos (US$ 46 milhões) como resultado das manifestações, disse o porta-voz do governo Isaac Mwaura, sem explicar como chegou a esse valor.
“O presidente e o governo em geral (ouviram) vocês em alto e bom som e estamos prontos para agir de acordo com suas preocupações”, disse Mwaura em um comunicado televisionado.
Os protestos, organizados online sem o aparente apoio de figuras políticas da oposição, criaram a maior crise dos dois anos de Ruto no poder.
“Temos informações credíveis de que grupos criminosos organizados planejam aproveitar os protestos em curso para executar os seus ataques, incluindo saques”, disse o chefe da polícia, Douglas Kanja Kiricho, num comunicado na noite de quarta-feira (17).
“Nenhuma manifestação será permitida no Distrito Central de Negócios de Nairóbi e seus arredores até novo aviso para garantir a segurança pública”.
Governo de base ampla
Na sua última concessão, Ruto prometeu na semana passada estabelecer um governo de base ampla, mas a coligação da oposição rejeitou na quarta-feira a ideia, apelando, em vez disso, a uma convenção constitucional.
As manifestações começaram de forma pacífica, mas depois tornaram-se violentas.
Alguns manifestantes invadiram brevemente o parlamento em 25 de junho e a polícia abriu fogo.
O gabinete de Ruto planejou negociações com diversos setores para esta semana para abordar as queixas dos manifestantes, mas até esta quinta-feira não havia sinal de que tivessem começado.
A maioria das principais figuras por trás dos protestos rejeitou o convite, apelando, em vez disso, a uma ação imediata em questões como a corrupção.
“(A polícia e o presidente Ruto) não têm poder para suspender os direitos garantidos pela constituição”, escreveu o ativista Boniface Mwangi na plataforma de comunicação social X em resposta à proibição dos protestos.
A Autoridade de Comunicações do Quênia (CA), um órgão regulador, alertou os meios de comunicação contra a “perpetuação” da violência na sua cobertura dos protestos, “o que poderia potencialmente causar agitação civil generalizada no país”.
Alguns meios de comunicação “comprometeram a objetividade e o equilíbrio na denúncia de crimes, operações de segurança e/ou situações de crise”, escreveu o chefe da CA, David Mugonyi, numa carta de 17 de Julho a um executivo dos meios de comunicação visto pela Reuters.
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