Quem são os fornecedores de armas de Israel, além dos EUA?
O governo americano suspendeu um carregamento de armas para os israelenses, incluindo bombas pesadas, em meio a ação militar em Rafah
Os Estados Unidos suspenderam um carregamento de armas para Israel, incluindo bombas pesadas que foram usadas na guerra contra o Hamas em Gaza.
A decisão do presidente dos EUA, Joe Biden, vem depois do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistir em um ataque militar a cidade de Rafah. A operação sofreu várias objeções de Washington, dado a um grande número de pessoas que se abrigam na região.
Os Estados Unidos são de longe o maior fornecedor de armas de Israel, seguido pela Alemanha – cujo forte apoio ao governo israelense reflete em parte ao Holocausto nazista – e pela Itália.
Dois países, o Canadá e a Holanda, suspenderam o fornecimento de armas a Israel devido a preocupações de que poderiam ser usadas em atos que violam o direito humanitário internacional – causando vítimas civis e destruição de áreas residenciais – em Gaza.
Estados Unidos
O arsenal suspenso pelos americanos consistia em bombas de 907 quilos e 1.700 bombas de 220 quilos, de acordo com os oficiais dos EUA. A decisão surgiu a partir de preocupações sobre o “uso final das bombas pesadas e o impacto que eles poderiam ter em ambientes urbanos densos (como Rafah)”, disse um oficial americano.
Em 2016, os EUA e Israel assinaram um terceiro Memorando de Entendimento de 10 anos cobrindo o período 2018-2028, que prevê US$ 38 bilhões em ajuda militar, US$ 33 bilhões em subsídios para comprar equipamentos militares e US$ 5 bilhões em sistemas de defesa antimísseis. Israel recebeu 69% de sua ajuda militar dos EUA no período 2019-2023, de acordo com um documento de março emitido pelo Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI).
Israel é o primeiro operador internacional do U.S. F-35 Joint Strike Fighter, sendo o jato de combate mais avançado tecnologicamente já fabricado. Israel está em processo de compra de 75 F-35.
Os EUA também ajudaram Israel a desenvolver e armar seu sistema de defesa de foguetes de curto alcance, conhecido como Domo de Ferro, desenvolvido após a guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah. Os Estados Unidos enviaram repetidamente a Israel centenas de milhões de dólares para ajudar a reabastecer seus mísseis interceptores.
Além disso, Washington ajudou a financiar o desenvolvimento do sistema “David’s Sling” de Israel, projetado para derrubar foguetes disparados a distâncias de 100 km a 200 km de distância.
Alemanha
As exportação da defesa alemã para Israel subiram quase dez vezes em 2023, em comparação com 2022. Berlim tratou os pedidos de permissão como uma prioridade após o ataque do Hamas em 7 de outubro.
No entanto, desde o início deste ano, quando as críticas internacionais à guerra em Gaza aumentaram, o governo alemão parece ter aprovado consideravelmente menos exportações de armas para Israel. Entregas no valor de apenas 32.449 euros foram permitidas até agora, disse o Ministério da Economia alemão.
A Alemanha fornece principalmente componentes para sistemas de defesa aérea e equipamentos de comunicação, de acordo com a agência alemã Dpa.
As armas exportadas incluíam 3 mil antitanques portáteis e 500 mil cartuchos de munição para armas de fogo automáticas ou semiautomáticas. A agência Dpa disse que a maioria das licenças de exportação foram concedidas para veículos terrestres e tecnologia para o desenvolvimento, montagem, manutenção e reparo de armas.
A Alemanha forneceu cerca de 30% da ajuda militar de Israel em 2019-23, de acordo com os números do SIPRI.
Itália
Uma fonte do Ministério das Relações Exteriores confirmou que a Itália, um dos três maiores fornecedores de armas de Israel interrompeu novas exportação desde o início da guerra de Gaza. “Tudo parou. E os últimos pedidos foram entregues em novembro”, disse a fonte à Reuters.
De acordo com a lei italiana, as exportações de armas são proibidas para países que estão em guerra e aqueles acusados de violar os direitos humanos internacionais.
Em março, o ministro da Defesa, Guido Crosetto, disse que a Itália continua a exportar armas para Israel, mas que apenas ordens assinadas anteriormente estavam sendo honradas depois que foram feitos controles para garantir que o armamento não seria usado contra civis de Gaza.
Somente em dezembro, a Itália enviou armas no valor de 1,3 milhão de euros para Israel, o triplo do nível do mesmo mês em 2022.
A Itália forneceu cerca de 1% da ajuda militar de Israel em 2019-23, de acordo com o relatório do SIPRI, incluindo helicópteros e artilharia naval.
Reino Unido
O Reino Unido não é um dos maiores fornecedores de Israel. Ao contrário dos EUA, o governo britânico não dá armas diretamente a Israel, mas sim licencia empresas para vender.
No ano passado, o Reino Unido concedeu licenças de exportação para vender pelo menos 42 milhões de libras (cerca de 52,5 milhões de dólares) de equipamentos de defesa para Israel. As licenças eram para itens como munições, veículos aéreos não tripulados, munição de armas pequenas e componentes para aeronaves, helicópteros e rifles.
O primeiro-ministro Rishi Sunak disse ao parlamento na quinta-feira (9) que o Reino Unido executou um dos regimes de controle de licenciamento mais rigorosos do mundo, no qual revisou periodicamente conselhos sobre o compromisso de Israel com o direito humanitário. “No que diz respeito às licenças de exportação, após a avaliação mais recente, ela permanece inalterada”, disse ele.
Alguns partidos de oposição de esquerda pediram ao governo que revogue as licenças de exportação diante do número crescente de mortos em Gaza.
Canadá
O governo do Canadá disse em 20 de março que parou de licenciar as exportações de armas para Israel desde janeiro. O congelamento continuará até que Ottawa possa garantir que as armas sejam usadas de acordo com o direito humanitário. Muitos dos mortos de Gaza por bombardeios israelenses e ofensivas terrestres têm sido civis, de acordo com grupos internacionais de direitos humanos.
O Canadá autorizou desde o ataque do Hamas pelo menos C$ 28,5 milhões (US$ 21 milhões) em novas licenças, mais do que o valor de tais licenças permitidas no ano anterior.
Holanda
O governo holandês suspendeu as remessas de peças para jatos F-35 para Israel de armazéns na Holanda em fevereiro, depois que uma decisão judicial determinou que havia um risco de as peças estarem sendo usadas em atos que violam o direito humanitário. O governo recorre da decisão.