Quem influencia as ideias de Javier Milei, candidato à Presidência da Argentina?
Autores como Ludwig Von Mises, Murray Rothbard, Friedrich Hayek e Carl Menger são os expoentes e precursores da chamada “Escola de Economia Austríaca”, base do libertarianismo.
Para muitos as ideias de Javier Milei, candidato à Presidência da Argentina, soam com muita estranheza e fogem da lógica política tradicional.
A corrente libertária, também conhecida como “anarcocapitalismo”, ganhou muitos adeptos nos últimos anos, mas engana-se quem acredita que os conceitos são inovadores.
A doutrina política que transcende o espectro de “direita-esquerda” está há pelo menos dois séculos nas bibliotecas espalhadas pelo mundo inteiro.
Autores como Ludwig Von Mises, Murray Rothbard, Friedrich Hayek e Carl Menger são os expoentes e precursores da chamada “Escola de Economia Austríaca”, base do libertarianismo.
A linha de pensamento se fundamenta nos ideais do liberalismo clássico, oriundo do contratualismo de Adam Smith e John Locke.
Porém, acredita-se que o termo “liberdade” está além do que “apenas” uma diminuição do papel do Estado no cotidiano da vida humana e, por isso, luta pela extinção de qualquer instituição que tenha poder de tomar decisões coletivas ao invés de individuais.
Para os anarcocapitalistas, os seres humanos possuem apenas um direito natural e imprescritível, a liberdade, conjunto em que estão contidas todas as outras faculdades, como o direito à propriedade privada e à segurança, por exemplo.
Ludwig von Mises
Mises foi um economista de origem austríaca. Atualmente, é uma das figuras mais citadas em debates da instância libertária.
O teórico é pai da “praxeologia”, corrente que estuda os fatores que levam as pessoas a atingirem seus propósitos, ou seja, a “teoria geral da ação humana”.
No livro “Ação Humana”, Mises defende o capitalismo de laissez-faire, traduzido ao português, o livre mercado em sua totalidade.
Por isso, é possível observar nos discursos de Javier Milei os ataques ao Banco Central argentino e a qualquer regulação que o Mercosul possa impor país.
Outra teoria bastante conhecida de Mises é a que contempla “As seis lições”.
O economista divide em seis passos como deve ser a introdução do pensamento:
- Entender que o capitalismo é o sistema que melhor gera e distribui riqueza e qualidade de vida para a história da humanidade;
- Entender o porquê o ideal socialista limita as liberdades da sociedade e não apenas as liberdades econômicas;
- Saber como o intervencionismo (estatal) na economia gera um controle social;
- Quais são os perigos da emissão descontrolada de moeda para financiar os gastos governamentais ou da criação de empregos artificiais e seus impactos na inflação;
- Observar as vantagens do investimento externo (privado) para o desenvolvimento dos países;
- Entender por que a liberdade sempre deve vencer.
Murray Rothbard
Outro autor base para o pensamento libertário é o economista, historiador e filósofo norte-americano Murray Rothbard.
Rothbard é autor de livros como: Anatomia do Estado, Ética da Liberdade e a Educação Livre e Obrigatória. Além de citar o panorama econômico, o teórico é um dos que mais atua no âmbito social, pautando a liberdade individual como a maior valor de qualquer pessoa.
Por isso, em seus livros é possível encontrar inúmeras críticas ao liberalismo clássico, chegando a compará-lo com ideologias de esquerda.
Para Murray Rothbard, a educação deve ser livre, sem qualquer tipo de regulamentação estatal. Os pais, por exemplo, seriam os responsáveis por ensinar os conteúdos que as crianças precisam aprender, pois qualquer cartilha que “obrigue” o aprendizado poderia ser utilizada como instrumento de controle intelectual.
Da mesma forma, o pensamento é remetido à ideia de uma “saúde pública universal”. Para o anarcocapitalismo, nenhum serviço deve ser distribuído a partir da coerção (pagamento de impostos obrigatórios).
A ideia é defendida pelo presidenciável argentino que deixou claro, em discursos, que pretende cortar recursos nas áreas da saúde, educação e desenvolvimento social, propondo que os indivíduos possam negociar entre si, já que, para ele, “o sistema obrigatório não funciona”.
O autor também defende que a liberdade de expressão é uma liberdade total de qualquer tipo de pensamento, “ou é absoluta ou não existe”, afirma.