Qual é a situação de segurança em Israel?
Israel foi alvo da maior ação militar executada contra o país desde a guerra do Yom Kippur, na década de 1970
O ataque terrorista do grupo radical islâmico Hamas a Israel no sábado (7) mostrou que houve uma falha no sistema de inteligência do país, considerado um dos mais sofisticados do Oriente Médio.
Israel foi alvo no sábado (7) da maior ação militar executada contra o país desde a guerra do Yom Kippur, na década de 1970.
O ataque aconteceu no “sábado da paz”, quando os judeus descansam após seis dias de trabalho, e é considerada data “sagrada” no judaísmo. Os bombardeios também aconteceram horas depois do último dia da celebração judaica Sucot.
Após os ataques, o gabinete de segurança de Israel declarou estado de guerra no domingo (8). “A guerra foi imposta ao Estado de Israel num ataque terrorista assassino a partir da Faixa de Gaza no sábado (7)”, afirmou o comunicado do governo.
Como é a segurança no país?
Um levantamento do IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos), da Inglaterra, mostrou que Israel investiu US$ 24,3 bilhões (cerca de R$ 125 bilhões) na Defesa em 2021.
O país conta com equipamentos modernos, capazes de identificar e abater mísseis inimigos sobre o território. E também é um dos poucos do mundo que conta com armamento nuclear.
Vladimir Feijó, analista internacional, formado em relações internacionais, doutor em direito internacional e professor da Faculdade Arnaldo, explica que a segurança em Israel tem como braço do Estado uma responsabilização dividida em três partes.
“A central de polícia de Israel é simultaneamente polícia ostensiva e judiciária, sendo responsável pelo patrulhamento de trânsito, polícia comunitária, além da investigação e inteligência”, diz.
“É considerada bastante eficiente, o índice de criminalidade de Israel é baixo e em parte disso também se dá pelo apoio que a central de polícia conta com a guarda civil uma um braço específico com efetivo de 7 mil integrantes que fazem trabalhos específicos de polícia de fronteira e um policiamento de combate ao terrorismo e resgate a reféns”, afirma Feijó.
Segundo o professor, um segundo braço histórico são aqueles membros da Força de Defesa de Israel (FDI), Exército, Marinha e Aeronáutica e conta com um efetivo de 170.000, além dos reservistas que passam de 465.000 — sendo que 360.000 desses já foram convocados para a guerra.
“Além disso, o país tem um bom orçamento para comprar armas de países que têm tecnologia de ponta”.
Recentemente o governo de Israel aprovou a criação de uma Guarda Nacional, colocada nas mãos do Ministro da Segurança Pública e agora também ministro de segurança nacional, Itamar Ben-Gvir, e líder do partido de extrema-direita israelense Otzma Yehudit.
“Esse grupo foi criado especificamente para combater organizações criminosas de origem árabe, é uma milícia privada colocada nas mãos de uma pessoa já condenada por apoiar grupos terroristas, racistas, xenofóbicos, anti qualquer população que não seja judaica e bastante focado em ampliar espaço para assentamentos de colonos na Cisjordânia”, disse.
“Essa nova entidade ainda não está plenamente posta, a sua guarnição, o seu tipo de armamento e o seu funcionamento ainda são objeto de bastante dúvida sobre o que ele é”, afirma.
Domo de Ferro
Desde que Israel se retirou de Gaza em 2005, gastou bilhões de dólares para proteger sua fronteira contra ataques. O sistema desde então tem atingido qualquer arma disparada de dentro de Gaza para Israel e impedido os terroristas de tentarem cruzar a fronteira por via aérea ou subterrânea, usando túneis.
Para impedir os ataques com foguetes, Israel usou o Domo de Ferro, um sistema antimíssil que intercepta foguetes, desenvolvido com a ajuda dos Estados Unidos.
Israel também gastou centenas de milhões de dólares na construção de um sistema de fronteira inteligente com sensores e paredes subterrâneas que foi, segundo a Reuters, concluído no final de 2021.
As autoridades israelenses quase certamente analisarão onde esses sistemas falharam neste sábado. Durante a manhã, Israel disse que o Hamas havia disparado 2.200 foguetes, embora não tenha divulgado números sobre quantos deles foram interceptados. As autoridades não comentaram se a cerca da fronteira fez o seu trabalho.