Qual é a posição dos Estados Unidos sobre o conflito entre Israel e Palestina?
Biden tem evitado qualquer crítica direta a potenciais excessos da contra-ofensiva israelense
Com “laços profundos”, como disse o presidente americano, Joe Biden, os Estados Unidos mantêm uma relação de cordialidade com Israel.
Após os ataques do grupo radical islâmico Hamas em 7 de outubro, os norte-americanos reforçaram mais de uma vez que estão do lado dos israelenses, e até colocaram porta-aviões próximos à Faixa de Gaza, como demonstração de força e apoio.
Um apoio que não é exatamente novo tampouco surpreendente. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, os EUA aportaram aproximadamente US$ 260 bilhões (cerca de R$ 1,31 trilhão) em ajudas financeiras para Israel, metade em “auxílio militar”, como revelou um relatório do Congresso publicado em março de 2023.
“Laço de simpatia”
Os Estados Unidos reconheceram Israel como um Estado independente há 70 anos.
O próprio governo norte-americano lembra que, em 14 de maio de 1948, quando Israel declarou independência após intermediação da Organização das Nações Unidas (ONU) para tentar acabar com o conflito com palestinos que já se arrastava há anos, “um comunicado feito ao presidente Harry Truman, anunciando o estabelecimento de um Estado judeu, invocou o ‘profundo laço de simpatia’ entre os Estados Unidos e o povo judeu”. Foi a primeira nação a reconhecer o Estado de Israel.
Apesar de Israel ser estratégica para os norte-americanos em vários sentidos, em 1956, na Crise de Suez, quando houve uma ofensiva contra o Egito, o país se posicionou radicalmente contra a ocupação, e fez tanta pressão que Israel recuou. É talvez a única vez em que houve uma reação tão enfática.
Aliados e mediadores
Na Guerra Árabe-Israelense, em 1967, os Estados Unidos foram aliados de Israel durante a ocupação do Monte Sinai, a Faixa de Gaza, Cisjordânia, o leste de Jerusalém e as Colinas de Golã. O presidente à época, Lyndon Johnson, entregou armamento em larga escala ao país.
Os Estados Unidos também atuaram como mediadores. Em setembro de 1978, o presidente Jimmy Carter reuniu o primeiro-ministro israelense, Menachem Begin, e o presidente egípcio, Anuar al Sadat. As conversas foram o início de um tratado de paz assinado no ano seguinte por Egito e Israel.
Em setembro de 1993, Bill Clinton foi quem articulou, na Casa Branca, o histórico aperto de mãos entre o israelense Isaac Rabin e o palestino Yasser Arafat, que selaram um acordo transitório de cinco anos sobre o autogoverno palestino em Gaza e na Cisjordânia.
“De molho”
No governo de Barack Obama, os norte-americanos pressionaram Israel para que parasse a colonização, e se pronunciaram a favor da solução de dois Estados. Isso foi em 2009.
No ano seguinte, a autorização para a construção de um bloco de residências em Jerusalém oriental ocupada, em plena visita de Biden, então vice-presidente norte-americano, colocou “de molho” as relações entre os países.
Em março de 2015, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu falou no Congresso dos Estados Unidos contra o acordo nuclear com o Irã, em um desafio claro a Obama, que se negou a recebê-lo durante a visita a Washington. Porém, em setembro de 2016, Obama e Netanyahu assinaram um acordo de assistência militar válido até 2028.
Reaproximação
No governo Donald Trump, a reaproximação. Ele foi o primeiro presidente norte-americano a visitar o Muro das Lamentações, em Jerusalém, quando reconheceu que a cidade era a capital de Israel. O território é disputado por judeus e palestinos.
Joe Biden tem tentado ajudar em uma reestruturação das relações entre os países árabes e Israel. A negociação mais recente era um acordo de relações diplomáticas entre Arábia Saudita e Israel. Mas os ataques fizeram o presidente norte-americano adotar uma postura de apoio incondicional, e a chance de tudo voltar à estaca zero é grande.
Nas manifestações desde os ataques do Hamas, Biden tem evitado qualquer crítica direta a potenciais excessos da contra-ofensiva israelense.
A Central das Forças Aéreas dos Estados Unidos anunciou no sábado (14) o envio de caças F-15E e jatos de ataque ao solo A-10 para a região do Oriente Médio. O movimento de deslocar os aviões de guerra “reforça a postura dos EUA e melhora as operações aéreas em todo o Oriente Médio”, disse um comunicado da Força Aérea.
Isso aconteceu dias depois de o Pentágono enviar um novo porta-aviões para o leste do Mar Mediterrâneo, de acordo com autoridades dos EUA, à medida que Israel se preparava para expandir as operações em Gaza.