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    Putin irá buscar algum pretexto para justificar invasão, diz professor

    Carlos Gustavo Poggio afirmou em entrevista à CNN que este pode ser o período mais tenso na crise no Leste Europeu

    Layane SerranoVinícius Tadeuda CNN , São Paulo

    A decisão do presidente russo Vladimir Putin de reconhecer ou não a independência de regiões separatistas no leste da Ucrânia é um passo importante no desenrolar das tensões no Leste Europeu. Essa é a avaliação do doutor em Relações Internacionais Carlos Gustavo Poggio, que em entrevista à CNN nesta segunda-feira (21) considerou que o possível reconhecimento marca “talvez o período mais tenso dessa crise toda”.

    “A Ucrânia é um país soberano independente, portanto não cabe ao Putin reconhecer parte desse território soberano como independente”, avaliou.

    Poggio afirmou que caso a independência das regiões separatistas da Ucrânia seja reconhecida, isso pode fazer com que os rebeldes pró-Rússia e favoráveis ao governo de Putin peçam ajuda dos russos, que cruzariam a fronteira ucraniana “como se não fosse uma invasão”. “Vão dizer que estão entrando apenas para garantir a independência dessas regiões”, disse o especialista.

    No entanto, o professor alertou para a possibilidade de reação ucraniana: “Isso pode eventualmente levar a uma resposta da Ucrânia que, afinal de contas, está vendo seu território sendo invadido”.

    A questão central, de acordo com Poggio, é a busca da Rússia por um pretexto para justificar uma invasão à Ucrânia e se livrar da imagem de “invasora”. O professor considera que Putin está agindo em duas frentes: criar conflitos para dizer que foi provocado e declarar a independência de regiões separatistas para esperar algum tipo de ação e dizer novamente que foi estimulado.

    “Ou seja, a Rússia vai fazer o possível, se é que está decidida de fato a invadir a Ucrânia, para criar as condições para dizer que essa invasão tem algum tipo de justificativa”, avaliou o doutor em Relações Internacionais.

    Sobre as possíveis sanções que os Estados Unidos e a União Europeia podem impor à Rússia, o especialista avalia que essa questão pode “aumentar ainda mais o nível de tensão”. O que está em jogo, segundo Poggio, é o “nível de tolerância que o Ocidente vai ter com atitudes de Putin na Ucrânia”.

    “Acho que essas sanções, se forem de fato o que os americanos e europeus estão dizendo, tem sim impacto de causar problema grande para a Rússia”, disse o professor.

    Poggio avalia que as tensões no Leste Europeu marcam um novo período das relações internacionais e da geopolítica, em que as potências voltam a competir pela hegemonia. Na visão dele, se antes tínhamos a impressão de que apenas grupos não-estatais, como terroristas, poderiam criar embates com as grandes potências, agora estamos acompanhando o retorno da disputa entre países desenvolvidos.

    “Estamos entrando em um período de competição geopolítica muito acirrado. Agora estamos vendo o retorno da geopolítica entre grandes potências”, concluiu Poggio.

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