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    Putin diz que radicais islâmicos atacaram casa de shows e relaciona caso à Ucrânia

    EUA e França afirmam que há indicação de que Estado Islâmico estaria por trás do ataque

    Policial russo monta guarda perto da casa de shows em chamas, após incidente relatado como tiroteio, nos arredores de Moscou, Rússia
    Policial russo monta guarda perto da casa de shows em chamas, após incidente relatado como tiroteio, nos arredores de Moscou, Rússia 22/03/2024REUTERS/Maxim Shemetov

    Da Reuters

    O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu nesta segunda-feira (25) que o ataque mortal da semana passada a uma casa de shows nos arredores de Moscou foi feito por radicais islâmicos, mas sugeriu que também beneficiou a Ucrânia e que Kiev pode ter desempenhado um papel no caso.

    Os comentários de Putin, em reunião do Kremlin dedicada às medidas tomadas em resposta ao ataque, foram feitos no momento em que a França se juntou aos EUA ao dizer que dados da inteligência indicavam que o Estado Islâmico era o responsável.

    No ataque mais mortal na Rússia em duas décadas, quatro homens invadiram o Crocus City Hall na noite de sexta-feira (22), disparando e usando bombas incendiárias.

    Alexander Bastrykin, chefe do Comitê de Investigação da Rússia, disse na reunião do Kremlin que o número de mortos subiu para 139, com 182 feridos.

    Quatro homens de origem tadjique foram detidos sob custódia sob acusações de terrorismo no tribunal distrital de Basmanny, em Moscou, sob suspeita de realizar o ataque. Três outros, também de origem tadjique, foram detidos sob custódia por suspeita de serem cúmplices.

    O Estado Islâmico afirmou ser responsável pelo ataque e divulgou o que diz ser imagens do massacre.

    “Quem se beneficia?”, pergunta Putin

    “Sabemos que o crime foi cometido pelas mãos de radicais islâmicos com uma ideologia que o mundo muçulmano combate há séculos”, disse Putin em declarações publicadas no Telegram.

    Ele não mencionou diretamente o Estado Islâmico e repetiu a sua afirmação anterior de que os agressores tentavam fugir para a Ucrânia, dizendo que havia “muitas questões” a serem examinadas.

    “A questão que se coloca é quem se beneficia com isso? Esta atrocidade pode ser apenas um elo numa série de tentativas daqueles que estão em guerra com o nosso país desde 2014 pelas mãos do regime neonazista de Kiev”, pontuou Putin.

    “Sabemos por quem foi cometido o crime contra a Rússia e o seu povo. Mas o que nos interessa é quem o ordenou”, adicionou.

    O presidente russo ressaltou que o objetivo do ataque era “semear o pânico” ou “mostrar à sua própria população que nem tudo está perdido para o regime de Kiev”.

    O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, negou dos comentários de Putin, dizendo que para o líder do Kremlin “todos são terroristas, exceto ele mesmo, embora ele tenha prosperado com o terror por duas décadas”.

    Esta foi uma referência às alegações de que Putin estava por trás de vários atos de violência na Rússia desde que assumiu o poder em 2000.

    “Quando ele partir, a necessidade de terror e violência desaparecerá com ele”, adicionou Zelensky.

    A Ucrânia negou qualquer participação no tiroteio de sexta-feira e Zelensky acusou Putin de tentar desviar a culpa.

    Washington ressaltou acreditar na afirmação do Estado Islâmico. Autoridades dos EUA disseram que alertaram a Rússia neste mês sobre um ataque iminente e que a inteligência indica que uma filial afegã, o Estado Islâmico Khorasan (Estado Islâmico-K), foi o responsável.

    O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, destacou a repórteres em Washington que os EUA têm estado “muito vigilantes” ao acompanhar as atividades do Estado Islâmico.

    “Foi por causa da forma agressiva como temos monitorado o Estado Islâmico que conseguimos alertar os russos de que, na verdade, eles estavam a caminho de um potencial ataque terrorista num futuro muito próximo”, afirmou Kirby.

    O presidente francês, Emmanuel Macron, disse aos jornalistas que as informações disponíveis “indicam de facto que foi uma entidade do Estado Islâmico que instigou este ataque”.

    “Este grupo também tentou realizar diversas ações em nosso próprio solo”, comentou durante visita à Guiana Francesa.

    Macron disse que a França se ofereceu para ajudar a encontrar os culpados, acrescentando: “Acho que seria cínico e contraproducente para a própria Rússia e para a segurança dos seus cidadãos usar este contexto para tentar virá-la contra a Ucrânia”.

    Centenas de russos depositaram flores em frente ao Crocus City Hall para lembrar as vítimas.

    Picnic, a banda que deveria se apresentar na sexta-feira, realizará um concerto memorial em São Petersburgo na quarta-feira junto com uma orquestra sinfônica em ajuda às vítimas, anunciou a sala de concertos Oktyabrskiy da cidade.