Putin diz que Finlândia “vai ter problemas” após aderir à Otan
Em entrevista à televisão estatal russa, Vladimir Putin disse que todas as questões com o país vizinho haviam sido solucionadas, mas que, com adesão ao tratado, militares serão levados para a fronteira
O presidente russo, Vladimir Putin, alertou que haverá “problemas” com a vizinha Finlândia depois da adesão Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no início deste ano.
A entrada do país nórdico à Organização marcou uma grande mudança no cenário de segurança no norte da Europa e acrescentou cerca de 1,3 mil quilômetros à fronteira da aliança com a Rússia. Foi também um golpe para o presidente Putin, que há muito alerta contra a expansão da Otan.
“Eles (o Ocidente) pegaram a Finlândia e a arrastaram para a Otan. Por que tivemos alguma disputa com a Finlândia? Todas as disputas, incluindo as de natureza territorial em meados do século XX, foram todas resolvidas há muito tempo”, disse Putin numa entrevista divulgada neste domingo (17) pela emissora estatal Russia 1.
“Não houve problemas, mas agora haverá, porque agora criaremos lá o distrito militar de Leningrado e definitivamente concentraremos unidades militares lá”, acrescentou.
Briga de fronteira
A Finlândia tornou-se o 31º membro da Otan quando aderiu em abril, duplicando a fronteira direta da aliança de segurança com a Rússia.
Mesmo antes de Putin lançar a invasão da Ucrânia, ele exigiu que a Organização do Tratado do Atlântico Norte limitasse a expansão. No entanto, foi a guerra que “alterou o ambiente de segurança da Finlândia”, impulsionando o desejo da nação nórdica de aderir à aliança, disse o presidente Sauli Niinistö em maio do ano passado, ao anunciar que o país tentaria aderir ao tratado.
Poucos meses depois de demonstrar o interesse, o governo finlandês disse que gastaria cerca de US$ 143 milhões na construção de barreiras ao longo da fronteira oriental com a Rússia, que costumava ter poucas proteções de segurança.
A Finlândia fechou novamente toda a fronteira esta semana, devido a alegações de que centenas de pessoas tentavam atravessar sem visto.
Depois de outro fechamento ter sido anunciado no mês passado, o primeiro-ministro finlandês Petteri Orpo acusou a Rússia de “permitir a instrumentalização das pessoas e guiá-las até à fronteira finlandesa em condições rigorosas de inverno. A Finlândia está determinada a por fim a este fenômeno”, disse.